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Demissões na TV americana

Quem ainda confia na imprensa imperialista?

Demissões de âncoras na Fox News e na CNN escancaram a crise dos monopólios de informação e do imperialismo

Enquanto a esquerda brasileira faz coro com os grandes monopólios de comunicação ao defender o combate às “fake news”, a polarização política nos Estados Unidos se aprofunda e se manifesta em “cancelamentos” de personalidades dos monopólios imperialistas, com a finalidade de calibrar o discurso ao identitarismo. Dois casos escandalosos de arbitrariedade identitária e de censura à crítica ao filho do presidente, que foram as demissões de Tucker Carlson, da tradicionalmente pró-Partido Republicano; e a demissão de Don Lemon, âncora de longa data da CNN.

Carlson é o apresentador mais popular dos Estados Unidos. Além de carismático, faz uma crítica ácida à política identitária. Já Lemon, apresenta diversos programas na CNN desde 2006, mais notadamente o ‘CNN Tonight‘. Sua demissão ocorreu no mesmo dia em que a Fox News anunciou a saída de Tucker Carlson. A caça às bruxas, mobilizada por forças políticas ligadas ao Partido Democrata, atingiu em cheio a Fox News, do bilionário Rupert Murdoch, que demitiu Tucker Carlson. As ações da Fox News caíram no dia seguinte (-4,7%) diante da crise e da ausência de uma explicação oficial. Foi especulado que a demissão estaria relacionada ao processo contra a Fox pela Dominion Voting Systems. 

A empresa processou a rede por difamação em um tribunal de Delaware, alegando que os apresentadores da Fox promoveram alegações “infundadas” do ex-presidente Donald Trump sobre as eleições de 2020. A Fox teria resolvido o processo por US$ 787,5 milhões em abril (com informações do Russia Today). Isso teria aberto uma crise, supostamente por Carlson não seguir a linha da empresa, cada vez mais pressionada pela política do partido democrata. Mais recentemente, Carlson já estava na mira dos identitários por suposta discriminação e “tratamento sexista” com as mulheres.

Enquanto isso, o ex-âncora da CNN, Lemon, sugeriu que uma candidata à indicação presidencial, a republicana, Nikki Haley, de 51 anos, “não está em seu auge”. Imagine alguém que seja demitido somente por dizer que alguém não esteja no melhor momento, isso “gerou indignação” e comentários em torno do “etarismo” em momento que Biden anunciava sua candidatura. Em jantar beneficente, Biden discursou ironicamente: “Dizem que sou antigo; dizem que sou sábio; dizem que estou sobre o morro; Don Lemon dizia: ‘Esse é um homem no auge!'”. Essa afirmação suscita possíveis digitais do Estado na demissão de Lemon.

Estado de partido único”

Tucker Carlson divulgou um vídeo denunciando os meios de comunicação americanos, em sua primeira aparição desde que foi demitido pela Fox News, dizendo que o debate genuíno sobre grandes questões simplesmente “não é permitido” na mídia dos EUA. Em um vídeo compartilhado no Twitter (27/04), o ex-apresentador da Fox não abordou a demissão, porém fez duras críticas à grande mídia, dizendo que a maioria das discussões em programas de notícias são “irrelevantes” e “incrivelmente estúpidas”, enquanto os principais assuntos não são mencionados. De acordo com Carlson:

“Os temas inegavelmente grandes, aqueles que definirão nosso futuro, praticamente não recebem discussão alguma – guerra, liberdades civis, ciência emergente, mudança demográfica, poder corporativo, recursos naturais. Quando foi a última vez que você ouviu um debate legítimo sobre qualquer uma dessas questões?” disse ele. “Faz muito tempo; debates como esse não são permitidos na mídia americana.”

A russa RT denunciou que altos funcionários do Pentágono saudaram a saída de Tucker Carlson da Fox News. Carlson criticou regularmente as políticas de diversidade e inclusão dos militares dos EUA, alegando que elas foram impostas às custas da prontidão para a batalha. De acordo com a fonte da RT: “Somos um país melhor sem que ele ensaque nossos militares todas as noites na frente de centenas de milhares de pessoas”, disse um alto funcionário do Departamento de Defesa à agência de notícias, sob condição de anonimato. A fonte afirmou que Carlson “zombou” da imprensa livre e “repetidamente escolheu políticas do departamento e as usou para destruir o DoD [Departamento de Defesa] como instituição”. Ao comentar a saída de Carlson da rede conservadora, outro funcionário teria dito: “Boa viagem”.

Carlson chegou a afirmar, em 2021, que as forças armadas dos Estados Unidos estavam cada vez mais frágeis:

“Enquanto os militares da China se tornam mais masculinos à medida que montam a maior marinha do mundo, nossos militares precisam se tornar, como diz Joe Biden, mais femininos.” Carlson disse. “Isso é um escárnio com os militares dos EUA e sua missão central, que é vencer guerras.”

O fator Hunter Biden

CNN e Fox se juntaram para denunciar Hunter Biden, retomar todo o processo dos escândalos do filho de Joe Biden. O Hunter Binden, trata-se de caso fiscal relacionado, pelo menos em parte, com a renda de Biden com empreendimentos na Ucrânia e na China. O denunciante da Receita Federal, que não foi identificado e pediu permissão para prestar depoimento ao Congresso, supervisionou a investigação da agência sobre as supostas violações fiscais do jovem Biden. O denunciante alega que a investigação foi prejudicada por “considerações políticas” e que o procurador-geral Merrick Garland enganou o Congresso sobre como o caso está sendo tratado.

A Fox News, que confirmou a informação, disse que os advogados de Biden solicitaram a reunião semanas atrás, e ela não tem relação com as alegações feitas esta semana sobre a investigação por um denunciante do Internal Revenue Service (IRS). A CNN disse que os promotores reduziram o escopo da investigação para incluir possíveis acusações por falta de apresentação de impostos, evasão fiscal e declaração falsa em um formulário federal para a compra de armas de que ele não havia usado drogas ilegais. Weiss também está considerando acusações relacionadas envolvendo lavagem de dinheiro e lobby estrangeiro não registrado. O escândalo Hunter Biden também envolve Anthony Blinken, num vazamento de informações de um laptop de Hunter Biden.

Metade dos norte-americanos acreditam que a imprensa mente propositalmente

De acordo com o instituto Gallup metade dos norte-americanos acreditam que as notícias nacionais pretendem enganar, desinformar ou persuadir o público, a adotar um ponto de vista específico por meio de suas reportagens. Político, ONGs e corporações se dizem surpresas com essa informação, pois demonstraria que a população estaria mais pendente a acreditar em notícias de órgãos independentes. Contudo, o que a pesquisa demonstra é que há um baixo nível de confiança na imprensa a ponto de muitos acreditarem que há uma intenção de enganar.

Questionados se concordam com a afirmação de que as organizações de notícias nacionais não pretendem enganar, 50% disseram discordar. Apenas 25% concordaram, segundo o estudo. Da mesma forma, 52% discordaram de uma afirmação de que os disseminadores de notícias nacionais “se preocupam com os melhores interesses de seus leitores, telespectadores e ouvintes”, segundo o estudo. Segundo o relatório, 23% dos entrevistados acreditam que os jornalistas estão agindo no melhor interesse do público.

A pesquisa (embora possa conter manipulação) demonstra que é difícil seguir à risca a cartilha do imperialismo. É impossível seguir a cartilha dos grandes monopólios de imprensa que impulsiona uma política que visa o controle e a divisão profunda da sociedade, mas que acabou levando à uma polarização que o próprio imperialismo não controla. Pelo lado liberal, a política identitária propõe um padrão de moral religioso impossível de ser adotado por jornalistas inescrupulosos, que avançam as pautas imperialistas; pelo lado conservador, é cada vez mais difícil para jornalistas e figuras públicas defenderem as políticas antipopulares como a guerra. Finalmente, a crise do imperialismo mostra como a diferença entre as alas mais poderosas da burguesia imperialista é circunstancial.

A crescente instrumentalização da imprensa e a polarização social levaram a população dos Estados Unidos a acreditar menos na imprensa do que nos próprios políticos, o que mobiliza ações de censura nas redes sociais por meio de leis e discursos sobre “fake news”, surgida mais agudamente nas eleições de Trump, quando os democratas tentaram manobrar o caso “Russiagate”, alegando que os republicanos, por meio de ajuda de Putin, Bannon e uso de notícias falsas seria o motivo de derrota de Hillary Clinton.

Por fim, cabe à esquerda brasileira compreender esse movimento no centro do imperialismo para poder atuar de forma organizada, confiando nas próprias forças, não em regulamentações como a famigerada “lei das fake news” , o “PL da Globo”, mas não atribuir à imprensa o papel de monopólio da verdade e de todas as informações. É preciso utilizar as ferramentas, os instrumentos técnicos, o trabalho cristalizado na tecnologia, para impulsionar mais órgãos de imprensa dos trabalhadores. Denunciar a manobra dos monopólios nas ruas, nas fábricas, nas escolas, universidades e no campo.

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