O regime nazista de Kiev não pode ser visto como representando os interesses da região de Donbass depois que a população local recusou reconhecer o golpe de Estado sangrento de fevereiro de 2014, continuou Sergei Lavrov, citando o exemplo dos sérvios do Kosovo, aos quais a União Europeia prometeu a autonomia, da mesma forma que a Alemanha e a França o fizeram para Donbass.
Tensões internacionais
“Mais uma vez, como no período da Guerra Fria, chegamos a uma linha perigosa, e talvez ainda mais perigosa. A situação é exacerbada pela perda de fé no multilateralismo, quando a agressão financeira e econômica ocidental destrói os benefícios da globalização, quando os EUA e seus aliados abandonam a diplomacia e exigem que as relações sejam resolvidas ‘no campo de batalha’.”
“Tudo isso dentro dos muros da ONU, que foi criada para evitar os horrores da guerra. As vozes de forças responsáveis e sensatas, os apelos por sabedoria política e o renascimento de uma cultura de diálogo estão sendo abafados por aqueles que escolheram minar os princípios fundamentais da comunicação interestatal”, notou ele, instando ao “retorno às raízes”, com respeito aos propósitos e princípios da Carta da ONU “em toda a sua diversidade e interconexão”.
O ministro das Relações Exteriores vê o destacamento de forças significativas de Washington e aliados para a Ásia-Pacífico como outro ataque ao multilateralismo.
“Os EUA e seus aliados estão agora empregando forças consideráveis para minar o multilateralismo na Ásia-Pacífico, onde um sistema aberto e bem-sucedido de cooperação econômica e de segurança foi desenvolvido por décadas em torno da ASEAN“, mencionou Lavrov, falando sobre a Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN, na sigla em inglês).
O chanceler disse que esse sistema de cooperação permitiu abordagens consensuais que se adequavam tanto aos dez membros da ASEAN quanto a seus parceiros de diálogo, incluindo a Rússia, China, EUA, Índia, Japão, Austrália e Coreia do Sul, garantindo um verdadeiro multilateralismo inclusivo.
“Ao apresentar sua ‘Estratégia do Indo-Pacífico’, Washington escolheu romper essa arquitetura de consenso estabelecida”, assumiu o ministro das Relações Exteriores russo.