Em crescimento pelo oitavo ano seguindo, os gastos militares dos países do globo terrestre acumularam um total de US$2,240 trilhões no ano de 2022, representando um aumento de 3,7% em relação ao anterior, considerando a inflação. Um novo recorde, segundo informações publicadas hoje (24) pelo Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz, de Estocolmo (em inglês: Stockholm International Peace Research Institute – SIPRI).
O aumento principal se deu no continente Europeu, no total de 13%. Dentre os países que mais aumentaram seus gastos militares estão Finlândia (+36%), Lituânia (+27%), Bélgica (13%), Suécia (+12%) e Polônia (+11%), Dinamarca (+8,8%) Noruega (+6,2%). Todos estes países são membros da OTAN. Dinamarca desde 1949. Polônia desde 1999. Lituânia desde 2004. Suécia e Finlândia aderiram recentemente. Na Bélgica está a sede do exército imperialista.
Ademais disto, verificou-se também aumento nos gastos militares dos países centrais do imperialismo europeu: Reino Unido (+3,7%), Alemanha (+2,3%) e França (0,6%).
O que significa esse crescimento generalizado no orçamento militar da Europa?
No plano imediato, ele é resultante da agressão imperialista promovida pelos EUA, Reino Unido e países da União Europeia contra a Rússia, utilizando-se da Ucrânia como bucha de canhão.
De todos os países europeus, na Ucrânia foi onde mais se viu acrescer as despesas militares, totalizando um aumento de 640% entre 2021 e 2022. Um claro resultado de o país ter sido utilizado como bucha de canhão pelo imperialismo, em uma guerra de procuração contra a Rússia.
O gigante do leste europeu, por outro lado, viram um acréscimo de apenas 9,2% em relação a 2021, totalizando gastos de US$86,4 bilhões. Considerando se tratar de um país em guerra contra as potências imperialistas, contando com forças armadas de aproximadamente 3 a 4 milhões de membros, não é um gasto exorbitante.
Os EUA, apesar de um aumento de apenas 0,7%, seguem como líder absoluto na militarização, como vem sendo há anos. Em 2022, seus gastos com o orçamento militar totalizou o montante de US$877 bilhões, o que representa 39% dos gastos militares globais.
A China, que segue em um distante segundo lugar, gastou US$292 bilhões, o que representou um aumento de 4,2% em relação a 2021, aumento este necessário em decorrência do acirramento da política agressiva do imperialismo em relação ao gigante asiático.
A política agressiva do imperialismo em relação à China se manifesta de diversas maneiras. No que diz respeito ao aumento da militarização, podemos ver o caso do Japão. O país da terra do sol nascente aumentou seus gastos militares em 5,9%, totalizando gastos de US$46 bilhões em 2022. Levando-se em conta que, ao ser derrotado na Segunda Guerra Mundial, o imperialismo norte-americano impôs ao país uma política de desmilitarização, é um sinal de alerta.
Em suma, constata-se que os EUA, a principal potência imperialista, segue liderando na lista de países que mais verte recursos para a militarização de sua economia. Foi igualmente possível de constatar que, no ano de 2022, o aumento do orçamento militar ocorreu principalmente na Europa, nos países imperialistas, nos países membros da OTAN, e na Ucrânia. Este último, graças ao fato de o imperialismo estar constantemente fornecendo armas ao país do leste europeu, desde o começo da guerra.
Mas o que isto tudo significa, afinal?
Significa que as contradições entre o imperialismo e os países oprimidos estão se agravando, contradições estas que são uma manifestação do acirramento da luta de classes em cenário mundial. Essa crescente militarização mostra que não há tendência ao apaziguamento, mas à exasperação dos conflitos.
O imperialismo vem se enfraquecendo progressivamente há um bom tempo. Desde 2008 ele se encontra em uma crise econômica da qual nunca conseguiu se recuperar completamente. Ao tentar sair do buraco que se encontra, atua politicamente para subjugar os países oprimidos, de forma que consiga dominá-los economicamente e parasitá-los, a fim de salvar os monopólios imperialistas da falência.
Contudo, diante de sua debilidade, os planos políticos do imperialismo frequentemente fracassam. É o que ocorreu no Afeganistão em 2021, em que o todo-poderoso exército norte-americano foi expulso por uma guerrilha rural. É o que vem acontecendo na Ucrânia com a operação militar especial russa. É o que vem acontecendo no Brasil, com o parcial revés do golpe de 2016.
Com esse acúmulo de derrotas, a debilidade do imperialismo vai ficando clara, e mais países oprimidos se sentem à vontade para enfrentá-lo. Assim, o imperialismo, ao sentir que começa a perder o controle, ao sentir que não irá conseguir manter sua ditadura pelos métodos “pacíficos”, vê a necessidade de se militarizar. Daí o aumento dos orçamentos militares dos países imperialistas.
E enquanto centenas de bilhões de dólares são gastos pelo imperialismo, preparando-se para travar uma luta de vida ou morte para subjugar os países oprimidos, a rapina desses mesmos países oprimidos pelo imperialismo continua a todo vapor. As políticas genocidas de embargos, bloqueios ou mesmo o roubo direto permanecem em vigência.
Por exemplo, nos últimos oito anos, a Venezuela, grande produtor de petróleo, perdeu US$232 bilhões devidos às sanções impostas pelos Estados Unidos. Já Cuba, embora seja um país pobre, sem grandes riquezas naturais, acumula prejuízo de mais de US$150 bilhões em seis décadas de embargo econômico, impostas igualmente pelo imperialismo norte-americano.
Isto demonstra a profunda hipocrisia do imperialismo.
Ao noticiar que os gastos militares dos países europeus foram os maiores desde a Guerra Fria, os veículos de imprensa do imperialismo trataram logo de atribuir a culpa à Rússia, dizendo que ela havia promovido uma guerra de agressão à Ucrânia. Isto é algo de um cinismo manifesto, pois quem deu início à guerra foi imperialismo, ao ameaçar a Rússia com a iminência de uma invasão, o que forçou o país euro-asiático a agir de forma defensiva.
Ademais disto, os países imperialistas estão envolvidos (direta ou indiretamente) em guerras por todo o globo terrestre. E não apenas em guerras, mas em golpes de Estado, os quais levam à militarização dos países que são alvo dos golpes e ao consequente massacre das populações locais. Na America Latina, temos a Colômbia, uma ditadura bancada pelos EUA, que assassina líderes populares diariamente. Há também o Peru, recente alvo de um golpe de Estado, que já deixou dezenas de mortos e centenas de feridos. No oriente médio, Israel é uma ponta de lança para o eterno massacre travado contra o povo palestino. Isto sem mencionar as incontáveis bases militares do exército norte-americano, espalhadas pelo mundo.
Enfim, apesar de todo o cinismo e a tentativa de falsificar a realidade, os dados não mentem: é o imperialismo que está tomando a iniciativa de se militarizar. E isto está sendo feito em preparação para um confronto generalizado, em âmbito mundial. O objetivo é subjugar o bloco dos países oprimidos que estão tentando se livrar de sua ditadura, em especial China, Rússia e Brasil, a fim de salvar o capitalismo de sua débâcle final.