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Rui no À Deriva

Rui Costa Pimenta entrevistado no À Deriva Podcast

Entrevista muito interessante que tratou de política nacional, internacional e até sobre conceitos sobre o capitalismo

Rui no À Deriva

Rui Costa Pimenta, presidente do PCO, esteve nesta quinta-feira (20) – já é sua segunda participação – no programa À Deriva, no YouTube. Vale a pena conferir na íntegra todos os temas abordados durante a entrevista conduzida por Arthur Petry.

No início, Petry quis saber a opinião do Rui sobre o governo Lula, pois sua primeira participação foi justamente no período da eleição.

Rui, que avaliou positivamente esse início de mandato, disse: “Na realidade, sem querer ser muito presunçoso, acho que está fazendo aquilo que só a gente imaginou que ele [Lula] iria fazer”.

Rui Costa Pimenta destacou a posição firme do governo Lula na política externa que se opõe aos Estados Unidos, o que lhe rendeu críticas. O governo vem demonstrando uma independência muito grande, é a parte mais positiva.

Na política econômica também tem sido progressista, como o fato de o petista ser contra as privatizações, de querer recuperar a Eletrobrás, o controle da Petrobrás; o projeto de Lei para acabar com o teto de gastos. “Temos aqui um Lula bem mais à esquerda do que nos dois primeiros mandatos, isso é muito nítido”.

Lula destacou a questão da Ucrânia, como o não envio de munição, além de propor a paz, o que vai contra os interesses do imperialismo, que quer desgastar a Rússia.

Na China, além da questão da fuga do dólar nas relações comerciais entre os dois países, Lula se declarou favorável ao princípio de uma só China, enquanto o imperialismo quer usar Taiwan para atacar os chineses, querendo tornar a ilha um país independente.

O Brasil, com a Rússia e os chineses, quer a investigação do atentado ao Nord Stream. Pediu também a reabertura da investigação do ataque de bandeira falsa na Síria, no ataque com armas químicas. O evento que serviu como desculpa para que o imperialismo começasse a bombardear os sírios.

CPI do dia 8 de janeiro

A conversa foi para a questão do passo seguinte em direção a um golpe de Estado. Petry falou que estão divulgando que o general (Gonçalves Dias) que foi filmado no tumulto seria amigo íntimo de Lula, e, portanto, sabia de tudo o que aconteceria, configurando uma armação para escantear Bolsonaro.

Rui esclareceu que os manifestantes eram todos bolsonaristas, estavam acampados nas frentes dos quartéis, não faz sentido aquilo fazer parte de uma conspiração ‘maquiavélica’. Os manifestantes foram a Brasília para se manifestarem e estranhamente encontraram tudo aberto.

Uma coisa que Rui comentou, é que ninguém pode considerar um general, ainda mais do GSI, como amigo. Destacou também a incompetência de Flávio Dino, durante o evento, que não mobilizou a Força Nacional de Segurança.

Aula sobre O Capital

Um dos pontos interessantes da entrevista foi sobre a questão do capitalismo, seus primórdios, a formação do valor. Uma verdadeira aula sobre O Capital que todos deveriam ver.

Em uma das interações, quanto Petry pergunta se não se pode enriquecer honestamente, com o próprio trabalho. Rui deixa claro que a essência do capitalismo é assalariar alguém e pagar menos do que a pessoa produz. Em uma grande empresa, por exemplo, o trabalhador produz aquilo que receberá como salário em quatro ou cinco dias, o restante do tempo é para enriquecer o dono da empresa.

A sociedade capitalista não remunera a pessoa por aquilo que ela produziu, mas pelo valor de sua força de trabalho.

O tema do capitalismo foi abordado por diversos ângulos, isso que tornou a conversa muito agradável, incluindo figuras como Robert Owen, o industrial inglês que pode ser considerado um dos socialistas utópicos. Vale conferir.

Perguntas:

Durante o programa surgiram algumas perguntas e podemos destacar alguns pontos:

Não entendo a diferença entre trotskistas e stalinistas, e por que alguns trotskistas viraram neocons (neoconservadores)?”

Rui respondeu que a diferença está no desenvolvimento da Revolução Russa, da qual Trétski foi um dos dirigentes; aquele que organizou do nada o Exército Vermelho, composto de cinco milhões de pessoas e que derrotou 14 exércitos estrangeiros que lutaram contra a Revolução. Era uma pessoa extremamente capaz e a mais popular. Trótski era a segunda figurada Revolução, atrás apenas de Lênin.

Em 1924, quando Lênin morre, a Rússia está passando por um processo de burocratização que tinha como natureza, não a defesa da revolução, mas de seus interesses materiais dos burocratas. Isso leva a uma espécie de golpe de Estado. Trótrski é expulso da Rússia e quem assume o poder é esse chefe da burocracia, que também era um velho militante: Stálin.

Começou uma revisão da política revolucionária que pregava, por exemplo, que nos países atrasados a revolução teria que ser liderada pela burguesia, ainda que na Rússia tenha sido o proletariado a cumprir esse papel; começou-se a falar de revolução em um só país, uma ideologia de conveniência para defender determinados interesses.

O stalismo representa esse revisionismo oportunista conforme os interesses da burocracia, enquanto o trotskismo é a continuação da política revolucionária, que defende os interesses da classe trabalhadora.

Os neocons, que ficaram famosos na época da gestão da família Bush, é uma espécie de propaganda contra o trotskismo, pois o fato de pessoas de esquerda passarem para a direita é uma coisa comum. Antes, por exemplo, tivemos esse fenômeno no período da Guerra Fria, vide escritores famosos americanos, como John dos Passos e John Steinbeck, que viraram conservadores. Esse não é um fenômeno ligado diretamente ao trotskismo.

A segunda pergunta foi sobre Segurança Pública, se Rui acha que os assaltantes são vítimas do sistema ou se é preciso aumentar a pena e os colocar na cadeia.

Rui disse que a questão não é saber se a pessoa é uma vítima, ou não; mas é preciso reconhecer que se alguém chegou a esse ponto é porque estava em uma situação difícil. No entanto, duas coisas devem ser consideradas: primeiro, o crime é um problema social, ou seja, não vai ser resolvido com a prisão, pois vai continuar existindo, a causa dele é outra. A causa do crime não é impunidade. A prisão é uma solução falsa, pois não é efetiva.

O segundo problema é de outra natureza: se intensificamos a repressão na nossa sociedade, estamos transformado-a em uma prisão. Nikolas Ferreira, por exemplo, por chamar um deputado trans de ‘ele’ foi multado em 80 mil reais. Tudo é proibido e problemático, fica difícil de viver.

Foi dado o exemplo do que está fazendo Flávio Dino, ministro da Justiça, que declarou que “falou em nazismo, em atacar a escola, estamos prendendo”. Petri interveio considerando que seria um apoio ao nazismo, ao que Rui respondeu que hoje é o nazismo, mas amanhã, ninguém sabe. O problema é que se está implementando o princípio de que determinadas coisas não podem ser ditas. Se se proíbe um assunto, nada impede que sejam dois, três, quatro… todos.

Também foi dado o exemplo que ocorre com o aumento da repressão, como no Mato Grosso do Sul, com a prisão de nove índios, inclusive Magno Souza – que não estava no local – e todos estão presos por ‘porte de arma de fogo’.

O aumento da repressão transforma o país em uma ditadura.

A conversa tocou nesse ponto de a intencionalidade ter se tornado um crime. Uma pessoa que diz que vai matar outra, por exemplo, pode ser presa, apesar de ainda não ter matado, de o crime não ter sido cometido. O que demonstra que perdemos a noção de como deveriam funcionar as garantias constitucionais.

Estes são apenas alguns tópicos que destacamos, não deixe de ver na íntegra a entrevista:

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