O esporte mais popular do país, uma verdadeira paixão entre as massas populares, atravessa um momento de agudas contradições. Se dentro das quatro linhas o futebol brasileiro, pentacampeão do mundo, afirma sua condição de melhor do planeta – embora haja, por parte de setores da imprensa nacional, a chamada “crítica especializada”, uma intensa campanha para desacreditá-lo – colhendo vitórias e resultados expressivos, o mesmo não se pode dizer do que acontece nos bastidores, longe dos olhos do torcedor e até mesmo da maioria dos próprios jogadores.
Veio a público, recentemente, através de investigações conduzidas pelo Ministério Público do Estado de Goiás, que o resultado de seis jogos do campeonato brasileiro de 2022 estão sob suspeita de manipulação pelas máfias que exploram as casas de apostas.
Pelo que foi investigado até agora, aliciadores e manipuladores teriam assediado jogadores para conseguir resultados “arranjados”.
Embora não seja possível afirmar que os jogadores receberam benefício indevido e ilegal para adulterar os resultados, as investigações levadas a efeito, até o momento, confirmam que houve ofertas de dinheiro por parte de apostadores.
Imagens dos jogos sob suspeita, veiculadas pela imprensa televisada, evidenciam que em várias jogadas durante as partidas a conduta dos jogadores parece claramente fora dos padrões normais do que se desenrola dentro de campo. Nas imagens veiculadas se vê muito nitidamente jogadas e lances onde os jogadores envolvidos fizeram o conhecido “corpo mole”, facilitando a conclusão de jogadas que resultaram em gol. Essa situação ocorreu em todos os seis jogos que estão sob investigação.
O fato é que se dentro das quatro linhas – conforme acima já foi dito – o futebol brasileiro colhe resultados muito positivos (nas últimas quatro edições da Libertadores só deu Brasil, com Flamengo e Palmeiras conquistando dois títulos cada um), o mesmo não se pode dizer do obscuro submundo que impera nos bastidores do esporte mais popular do país, controlado pela cartolagem corrupta ligada aos grandes grupos capitalistas que pressionam a formação do modelo Sociedade Anônima do Futebol (SAF), ou seja, a transformação de todos os clubes em empresa, o que, obviamente, irá favorecer os grandes grupos capitalistas (em particular os estrangeiros) que investem valores astronômicos para se apropriar do controle financeiro dos times e clubes.
Para impedir a destruição de uma das mais importantes manifestações da cultura nacional – o futebol -, é necessário um amplo movimento em direção ao controle popular exercido pelas torcidas e pelo povo. Do contrário, a tendência poderá ser o aprofundamento da situação atual, caracterizada pela investida inescrupulosa das máfias que cada vez mais buscam no esporte a viabilização dos seus interesses criminosos.