Na última quinta-feira (20), Glenn Greenwald, jornalista americano famoso por receber e publicar os documentos do caso Snowden e fundador do The Intercept, escreveu uma matéria sobre os casos das escolas, com os últimos casos envolvendo tiroteios, mortes e violência contra professores.
Gleen inicia seu texto colocando que os tiroteios em escolas chegaram ao conhecimento público nos Estados Unidos (EUA) em 1999. Na época, ele pontua, não havia redes sociais para culpá-las. Todos os políticos tentaram atribuir a causa a um manancial de culpados, como o rock, videogames, filmes violentos etc. O jornalista defende, entretanto, que não foram estes motivos que levaram os jovens aos assassinatos. Ao invés disso, ficou claro que estavam ligados a transtornos mentais de jovens que antes eram saudáveis.
Coisa semelhante ocorre no Brasil agora, contudo parte-se para um ataque à Internet e às redes sociais. O ministro da Justiça, Flávio Dino, anunciou uma portaria “que prevê multa para as redes sociais que não cumprirem as regras para combater conteúdos que fazem apologia à violência e ameaças de ataques em escolas no Brasil”. Na quinta-feira (13), prometeu “que nenhuma empresa terá uma regulação maior do que as leis em vigor no país”.
Trata-se de um grave ataque às liberdades democráticas, pois, para não serem obrigadas a pagar multas, as redes terão que impor uma censura cada vez maior aos seus usuários.
Gleen, em seu artigo, crítica veemente as ações de Dino e coloca que foi provado nos EUA que os transtornos mentais são uma das principais razões pelas quais qualquer jovem consideraria praticar um ato como o discutido. Afirma que é lógico que a falta de serviços de saúde mental disponíveis seja uma das principais razões pelas quais tais ataques podem se proliferar. Acertadamente fala do enfrentamento dos problemas de saúde mental pelo estado, a mitigação e os danos psicológicos persistentes causados pelo isolamento social e avançar significativamente contra a enorme desigualdade.
Acusar o Telegram e o Twitter de não monitorar suas plataformas é barato, rápido e fácil. Um dos principais motivos do imperialismo tomar frente nessa situação é devido ao controle sobre o fluxo de informações online, um dos principais objetivos da imprensa burguesa que vê o seu monopólio ameaçado pela Internet.
Nesse sentido, a direita está aproveitando toda a histeria em torno dos recentes ataques às escolas para impulsionar a sua própria política repressiva. Rapidamente, figuras e políticos direitistas começaram a defender que a solução para o problema era, por exemplo, a redução da maioridade penal.
Fica claro como a supressão dos direitos democráticos do povo, independente do pretexto, faz avançar a política da direita, que aproveita o clima persecutório para tornar os seus interesses reacionários mais razoáveis. Algo que faz com que a esquerda defenda absurdos, como é o caso da censura e até mesmo da prisão.