Após uma série de ocupações de terras griladas por latifundiários, como parte da jornada de lutas conhecida como “Abril Vermelho”, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) já conquistou algumas vitórias nesta terça-feira (19).
O governo Lula atendeu a uma do movimento e nomeou sete superintendentes regionais do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), os quais haviam sido nomeados pelo governo anterior, do fascista e aliado do latifúndio, Jair Bolsonaro.
Isto demonstra que a decisão do MST de retomar a política das ocupações de terras nacionalmente desde o retorno de Lula à presidência da República é completamente acertada, sendo o único caminho que pode produzir resultados na conquista da terra para os camponeses.
Contudo, o MST não pode parar por aí. Deve continuar com as ocupações. Deve espalhá-las Brasil afora, e coordená-las com outros movimentos camponeses, como a Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL) e a Liga dos Camponeses Pobres (LCP).
Afinal, foram trocados apenas sete superintendentes do INCRA, sendo que a autarquia federal possui um total de vinte e nove superintendências. Além disso, o objetivo final não é a mera troca de superintendências. Limitar a luta pela terra a questões de cargos da burocracia estatal não irá resolver os problemas que recaem sobre o povo do campo. O objetivo é a Reforma Agrária, com a completa expropriação do latifúndio.
Assim, é necessário frisar novamente: o MST, em conjunto com a FNL, a LCP e demais movimentos do campo devem continuar com as ocupações, ampliá-las e intensificá-las. É assim que os resultados virão, como pode ser visto com a troca de superintendentes.
Os camponeses e seus movimentos não podem dar ouvidos aos ministros do Desenvolvimento Agrário (Paulo Teixeira) e das Relações Institucionais (Alexandre Padilha), ambos do PT.
Padilha repudiou as ocupações, dizendo que há outras formas de lutar pela reforma agrária. Contudo, não explica quais seriam estas outras formas.
Paulo Teixeira, por sua vez, à luz dos acontecimentos, condicionou a continuidade do programa de reforma agrária à desocupação das propriedades.
Ambos os ministros estão errados. Os camponeses não devem, de maneira alguma, desocuparem as terras para só então serem feitas as negociações da reforma agrária. As negociações devem ser feitas com as terras ocupadas. As ocupações são uma medida de força que se fazem necessárias, pois a linguagem da força é a única linguagem que os latifundiários entendem. Se os camponeses desocuparem as terras, não haverá nenhuma negociação, apenas perseguição.
Ademais, deve-se levar em conta que o MST relata que desde o começo do ano vem buscando um diálogo com o ministro Paulo Teixeira para dar andamento na Reforma Agrária, possibilitando o assentamento de mais de 100 mil famílias que se encontram acampadas, aguardando a devida distribuição da terra. Contudo, Paulo Teixeira simplesmente não dá andamento a tais demandas, conforme relato do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra.
Assim, se a via institucional não produz resultados, que alternativa resta ao MST e aos camponeses senão a ocupação das terras?
É uma política justa e deve ser estimulada.
Quanto ao restante da esquerda, em especial a das cidades, os partidos políticos (PT, PCdoB, PSOL, PCB, UP, PCPB etc.), sindicatos (CUT) e todas as organizações populares devem fazer como o PCO e apoiar sem restrições e auxiliar materialmente a luta dos camponeses contra o latifúndio, através da ocupação de terras. Deve ser defendido também o direito ao armamento e a formação de comitês de autodefesa, para que os camponeses possam se defender dos bandos armados dos latifundiários.
O objetivo é a completa expropriação do latifúndio, para que as terras sejam distribuídas para quem nela vive e trabalha.