A profunda crise do regime político imperialista, sob liderança norte-americana, vem sendo manifestada não apenas economicamente, mas, militarmente. Enquanto o orçamento militar dos Estados Unidos consome cada vez uma parte maior da renda nacional, levando milhões de cidadãos norte-americanos para a sarjeta, Wall Street não para de imprimir brusca contenção territorial à Rússia e China, principalmente.
Essa sanha pela tomada de poder em dois gigantes como a Rússia e a China, ao mesmo tempo, utilizando guerras por procuração na Ucrânia e Taiwan, principalmente, produziu efeito contrário, isto é, o desenvolvimento militar bilateral dos dois maiores países da Ásia. As relações econômicas, com desenvolvimento das Rotas da Seda entre os dois países, cooperação no campo industrial, financeiro entre outras, agora se aprofundará na forma militar, o que era recusado pelos dois países até então. Contudo, nesta virada histórica, o novo ministro da Defesa da China, Li Shangfu, revelou que o principal objetivo da visita russa à Pequim é o fortalecimento da cooperação militar. De acordo com Shangfu, a China está totalmente comprometida em fortalecer a cooperação militar com Moscou.
De acordo com a imprensa estatal russa, o ministro da Defesa chinês, afirmou que sua visita contínua à Rússia visa demonstrar a força das relações entre Pequim e Moscou para a comunidade internacional. “Após minha nomeação como ministro da Defesa, minha primeira visita é feita à Rússia, a fim de demonstrar ao mundo exterior o alto nível das relações sino-russas.” Li afirmou à imprensa antes do início das negociações. A viagem também enfatiza a “firme determinação de Pequim em fortalecer a cooperação estratégica entre as forças armadas da China e da Rússia”, acrescentou. [1]
O ministro da defesa afirmou, ainda, que o Exército de Libertação do Povo Chinês pretende cumprir todos os acordos alcançados entre o presidente Xi Jinping e Putin durante a visita do líder chinês à Rússia em março. O ministro afirmou que isso levaria a cooperação militar entre os dois países a “um novo nível”.
De acordo com a imprensa estatal chinesa, os laços militares China-Rússia foram mantidos em alto nível sob a liderança estratégica dos dois chefes de Estado nos últimos anos, à medida que novos progressos foram feitos em comunicação estratégica, exercícios conjuntos e cooperação pragmática, enriquecendo continuamente as conotações estratégicas da parceria estratégica abrangente de coordenação para uma nova era entre os dois países. [2]
Manobras militares e treinamentos conjuntos foram noticiados pela imprensa capitalista em tom de ameaça, mas ressalta-se que essa cooperação visa a paz e estabilidade no mundo, não a cooperação junto ao conflito Rússia-Ucrânia. A posição da China sobre a crise na Ucrânia é promover a paz e as negociações, e a China não forneceu armas para nenhum dos lados do conflito, como os EUA e o Ocidente fazem para adicionar combustível ao fogo, disse Song, analista entrevistado pela estatal Global Times.
A posição geopolítica da China aponta para uma movimentação bastante intensa e poderosa, no momento em que o ataque à Taiwan, aos sistemas de informações e telecomunicações chinesas vem sendo duramente atacados. Também aponta para uma posição de não submissão ao imperialismo e possibilidades de novas cooperações. A incorporação de novos países aos BRICS é outro fator que coloca água no moinho da insubordinação ao imperialismo. A luta contra o imperialismo sobrevive e se fortalece.
Notas
[1] China’s new defense minister reveals main goal of Russian visit. https://www.rt.com/news/574937-china-russia-shoigu-li/
[2] Global Times. Chinese defense minister starts first foreign visit to Russia, highlighting bilateral military ties. https://www.globaltimes.cn/page/202304/1289213.shtml?utm_source=pocket_saves