Recentemente, um general norte-americano, em depoimento ao Senado dos Estados Unidos, informou, sob juramento, que a Ucrânia estava vencendo a guerra contra a Rússia, pois a Rússia estava ficando esgotada, sem armamentos e o moral de suas tropas estava baixo, etc. Ou seja, tudo o que aparece na imprensa internacional: CNN, Washington Post, New York Times, BBC, etc.
Os documentos que vazaram para a Internet, classificados como ultrassecretos, desmente o depoimento do general, que deveria (ou deverá) ser acusado de perjúrio. Perjúrio, ou seja, mentir em depoimento, é crime.
A Rússia, por sua vez, argumenta que tais documentos possam ser falsos. Foram fabricados para serem vazados. Sejam eles verdadeiros ou não, evidenciam duas coisas: 1. Que a segurança do país não é o que mostram nos filmes. 2. Que esses vazamentos comprometem a própria credibilidade dos Estados Unidos e, também, da imprensa internacional, que se tornou um simples porta-voz da OTAN.
De acordo com esses documentos, a Ucrânia sofreu sete baixas (mortos, feridos e desaparecidos) para cada baixa russa. Vejamos o que esses números significam.
A população ucraniana, estimada para 2020, era de 41,5 milhões de habitantes, excluindo, evidentemente, a Crimeia. Se considerarmos que, nas partes anexadas pela Rússia, vivem pouco mais de sete milhões; que dez milhões de pessoas deixaram a Ucrânia por causa da guerra e mais o número de baixas, teremos, sendo otimistas, pouco menos de 25 milhões de ucranianos no país.
A Rússia, por sua vez, conta com uma população de aproximadamente 145 milhões de habitantes. E tem mais de 35 milhões de habitantes em condições de lutar; ou seja, a Rússia pode formar um exército maior do que a população da Ucrânia. A Ucrânia, por sua vez, não tem mais do que cinco milhões de pessoas em condições de servir às forças armadas. Contudo, nem a Rússia, nem a Ucrânia têm condições de arregimentar toda essa gente.
Recentemente, a imprensa internacional mostrava jovens russos fugindo do país pelas fronteiras para não ter de ser vir à forças armadas. O mesmo acontece na Ucrânia, mas a imprensa não mostra. Tudo o que é desfavorável à ucrânia (vale dizer, à OTAN) é censurado.
Ademais, nos recentes confrontos pelo domínio de Bakhmut, o número de baixas ucraniano foi assustador. De acordo com o Batalhão Wagner, a expectativa de vida de um soldados ucraniano ali era de 4 horas (sic). Há consenso entre os analistas sérios de que Bakhmut virou um moedor de carne humana.
Quanto à OTAN, a aliança anunciou que colocará 300 mil soldados de prontidão. Terá ela condições de fazer isso? O custo de uma coisa dessas é de quase um bilhão de euros por mês, afora a logística para organizar e treinar esse pessoal todo. Sobretudo, levando-se em consideração que a aliança só possui 40 mil soldados em efetivo.
Mas, atentemos para os fatos e não para as fantasias da imprensa, as quais, além de mentirosas, são inverossímeis.
A verdade é que a Ucrânia está sendo devastada. Os Estados Unidos esperam que o país resista até ao final deste ano de 2023. Só resistirá se a Rússia deixar. Para ela, o retardamento da vitória lhe dá vantagem no campo estratégico, com o enfraquecimento da OTAN, da Europa propriamente dita, da credibilidade dos Estados Unidos e com o provável fim da nova ordem internacional.
Quanto aos Estados Unidos, a situação é mais séria. Esse país planejou a guerra na Ucrânia para enfraquecer e, possivelmente, destruir a Rússia, primeiro economicamente e, depois, territorialmente, dividindo-a em três ou mais Estados independentes. Mas não era um planejamento estratégico. A grande estratégia, que é sempre política e não militar, era e sempre foi a China. No caminho para a destruição da economia chinesa, os Estados Unidos procuraram destruir a economia alemã, com a questão do gás russo; destruir a Rússia para possar-se do gás, do óleo e do urânio do país (e, com isso, desabastecer a China e a Índia); frear o desenvolvimento indiano e jogar Formosa (Taiuã ou Taipé) contra a China.
Nesse sentido, Rússia, Alemanha, Europa e Formosa seriam objetivos táticos e não estratégicos. Mas o agressor norte-americano está tendo de lidar com cada um desses alvos intermediários como alvos estratégicos. Complicou.