No último dia 9 de abril, o colunista do Brasil 247, Moisés Mendes, publicou um artigo intitulado “A estrutura do fascismo está intacta”, no qual procurar analisar a extrema-direita nos 100 dias de governo Lula.
De uma geral, a ideia do artigo é correta. Não é possível acreditar, nem um minuto sequer, que a direita fascista, golpista, esteja morta. Ela pode ter sido derrotada parcialmente com a eleição de Lula, mas ainda se articula nos bastidores para uma nova ofensiva golpista.
Moisés Mendes fala também dos direitistas arrependidos, embora não deixe claro quem são eles:
“O personagem agora é o arrependido protagonista da criação e manutenção da estrutura do golpe. Que financiou o gabinete do ódio, desfilou ao lado de Bolsonaro como golpista e apresenta-se como convertido aos valores da democracia.”
De modo geral está correto, os golpistas arrependidos estão apenas formulando e esperando um novo golpe. A esquerda não deve confiar naqueles que destruíram o País com um golpe de Estado e que agora querem parecer democráticos. Não estamos falando de pessoas comuns, mas dos grandes articuladores do golpe, a imprensa capitalista, os partidos da direita, as Forças Armadas e o Judiciário.
E é justamente ao não determinar quem seriam exatamente os golpistas, quem seria a extrema-direita que continua “intacta”, que Moisés Mendes parece se confundir em seus argumentos.
Apesar de não nomear exatamente quem são esses “fascistas arrependidos”, o artigo dá claramente a entender que se trata de bolsonaristas, disfarçados ou não. E aí reside um problema de sua argumentação, e que tem confundido muitos setores da esquerda.
Se é verdade que o bolsonarismo é fascismo, também é verdade que o fascismo não é apenas a horda de bolsonaristas. O fascismo está incrustado nas instituições, como o STF, que sistematicamente vem atacando direitos democráticos, ironicamente a pretexto de combater o fascismo.
O fascismo está na imprensa golpista, que mente sistematicamente contra o povo e foi assim que apoiou o golpe e ajudou colocar Lula na cadeia.
A direita tradicional, aquela que hoje tenta parecer contra Bolsonaro por uma questão de pura conveniência, é tão ou mais fascista do que Bolsonaro. Esse é o perigo e, de fato, como diz Moisés Mendes, esses são os que agora querem se passar por democratas e alguns até por apoiadores de Lula.
Realmente, o alerta é válido. A estrutura do fascismo não se alterou. Todo esse mecanismo está funcionando preparando uma nova ofensiva contra o povo.