O PSTU se meteu num beco sem saída político desde o golpe de 2016. Na época, se colocaram favoráveis ao golpe, não apenas dizendo que não havia esse risco, como defendendo o “Fora Dilma” sob pretexto de que o PT era igual ao PSDB e assim por diante até chegar em Temer, depois em Bolsonaro.
Passados setes anos do golpe, a posição do PSTU ficou escancaradamente errada, porém, o partido não pode voltar atrás e, embora desconverse, fato é que nunca admitiram o erro e, se perguntados, dirão que não houve golpe em 2016.
É sob essa luz que devemos compreender as posições atuais do PSTU. No dia 12 de abril, no seu sítio na internet, foi publicado um editorial chamado: “Os 100 dias do governo Lula”.
Em geral, o PSTU procura justificativas para repetir a mesma política golpista de 2016. Está esperando a direita ampliar a ofensiva contra Lula para, alegremente, chamar um “Fora Lula”.
“O governo Bolsonaro botou o país no modo barbárie explícita e ultraliberal. Mas foram os governos do PSDB e do PT que construíram as bases sociais e as decepções políticas que permitiram o surgimento do bolsonarismo.”
PSDB e PT são os culpados por Bolsonaro. Só mesmo segundo a realidade paralela do PSTU essa afirmação faz sentido. Quem derrubou o governo do PT foi, em primeiro lugar, o PSDB e isso que abriu caminho para o bolsonarismo. Mas para o PSTU, por algum motivo, o PT, que foi vítima do golpe, se tornou tão culpado quando o PSDB. Essa ideia é bem vergonhosa para um esquerdista que vive falando que não se deve culpar a vítima.
Para o PSTU, exatamente como diziam em 2016, Lula é a mesma coisa que a direita, ou quase a mesma coisa. É “neoliberalismo com renda mínima”, afirma o editorial.
São linhas e linhas repetindo a cartilha de que os trabalhadores precisam ser independentes, criticando a política de conciliação de classes, dizendo que o governo está aliado com a direita. Todas as críticas, se existisse uma igreja da esquerda, seriam parte do dogma esquerdista. O problema é que a política não é uma religião e ter dogmas não resolve todas as questões.
Lula é um governo de conciliação. O PSTU afirma isso como se fosse uma grande novidade. Um governo como esse é um problema, claro, mas a análise e a atuação de um partido revolucionário deve se dar sobre essa base real, não sobre a imaginação.
Qual deve ser a tarefa dos trabalhadores, que veem esse governo como uma maneira de melhorar a sua vida? É preciso uma política concreta que impulsione uma mobilização real, não a mobilização abstrata que quer o PSTU, e sim um movimento que sirva para impulsionar uma verdadeira luta pelos interesses dos trabalhadores. Um movimento independente, mas não contra Lula. Uma mobilização que enfraqueça a direita golpista que está infiltrada no governo, justamente por ser um governo de conciliação.
Com essa política religiosa, o PSTU se prepara para um novo vexame, se colocando ao lado da direita que se articula para uma nova ofensiva golpista.