O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região protestou nesta terça-feira (11) contra a venda da Avibrás, uma das principais empresas nacionais de defesa que passa por um processo de recuperação judicial há um ano, para grupos estrangeiros.
A manifestação ocorreu em frente ao Riocentro, local onde ocorre a LAAD Defence & Security, feira internacional de Defesa e Segurança, no Rio de Janeiro. A pauta também abarcou a situação dos trabalhadores da empresa, que estão há seis meses sem receber salários.
O presidente do Sindicato, Weller Gonçalves, defende que o governo Lula (PT) intervenha de imediato na companhia: “o Governo Federal precisa agir imediatamente para fazer da Avibras uma empresa estatal, controlada pelos trabalhadores e a serviço dos interesses do Brasil. É precisa também tomar medidas urgentes para que os funcionários voltem a receber seus salários e direitos. Não é possível continuar nessa situação. Estamos falando de uma das mais importantes indústrias do país”.
A Avibras é uma das participantes da feira e produz mísseis, lançadores de foguetes, veículos blindados, bombas inteligentes, sistemas de comunicação por satélite e Veículos Aéreos Não Tripulados. Com cerca de 1.400 trabalhadores, a venda da empresa pode representar a perda de décadas de conhecimento e colocar em risco a soberania nacional do setor de Defesa. Empresas da Alemanha e Emirados Árabes já demonstraram interesse na aquisição da companhia brasileira.
Além da venda da empresa, os trabalhadores também lutam por seus direitos. profissionais especializados, que participam inclusive de programas estratégicos das Forças Armadas Brasileiras, estão sendo obrigados a recorrer a trabalhos informais. A situação preocupa o Sindicato, que enviou uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), aos ministérios da Defesa e do Desenvolvimento e ao Comando do Exército Brasileiro, com pedido de reunião para discutir o futuro da Avibrás e dos trabalhadores.
O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, se reuniu com o presidente da Avibras, João Brasil Carvalho Leite, na semana passada e pediu ao empresário que mantenha a empresa sob controle de capital nacional. A direção da própria Avibrás já confirmou, em nota oficial, que está em busca de investimentos diretos de empresas estratégicas.
CTB se posiciona
Em nota publicada também nesta terça, a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) se manifestou contrária à entrega da Avibrás ao capital estrangeiro. A central sindical reforçou a defesa de uma intervenção do governo na companhia e afirmou que uma venda representaria “grave ameaça à soberania nacional, com perigosa transferência de elevada tecnologia para capital privado internacional”.
Confira a nota completa:
A Avibras, indústria bélica reconhecida mundialmente pelos produtos e sistemas que desenvolve nas áreas aeronáutica, espacial, eletrônica, veicular e de defesa está sendo negociada com empresas da Alemanha (Rheinmetall) e Emirados Árabes (Edge Group).
A venda da principal fabricante de material bélico pesado do país representa grave ameaça à soberania nacional, com perigosa transferência de elevada tecnologia para capital privado internacional. Como forma de interromper esse processo, é necessário que o governo federal proíba a venda da Avibras.
O Brasil deve investir em alta tecnologia, e não abrir mão dela. É perigosa a transferência de tecnologia de Defesa para empresas estrangeiras. A capacidade de produção de armamentos e equipamentos do setor, como mísseis, lançadores de foguetes, veículos blindados, bombas inteligentes, sistemas de comunicação por satélite e Veículos Aéreos Não Tripulados devem ter o controle brasileiro.
Com a venda, a empresa compradora levaria para o seu país de origem essa alta tecnologia. Já o Brasil, se quiser manter seu programa de Defesa, seria obrigado a buscar ferramentas e equipamentos no exterior.
Diante desse quadro que se desenha, as centrais sindicais reivindicam a intervenção do governo federal no sentido de proibir a venda dessa indústria. Também é necessário defender o emprego dos 1,4 mil trabalhadores, assim como garantir o pagamento dos salários atrasados.
São Paulo, 11 de abril de 2023
Adilson Araújo, presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil);
Sergio Nobre, presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores);
Miguel Torres, presidente da Força Sindical;
Ricardo Patah, presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores);
Moacyr Roberto Tesch, presidente da NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores);
Antônio Neto, presidente da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros);
Atenágoras Lopes, secretário executivo nacional da Central Sindical CSP-Conlutas;
Nilza Almeida, secretária-geral da Intersindical Central da Classe Trabalhadora;
Emanuel Melato, coordenador da Intersindical – Instrumento de Luta e Organização da Classe Trabalhadora;
José Gozze, presidente da Pública Central do Servidor