Quatro meses passaram desde o impeachment do presidente Pedro Castillo, eleito democraticamente nas urnas, e a crise política e social continua dominando o Peru, onde os protestos não cessam desde sete de dezembro passado e são reprimidos com força.
Dina Boluarte, vice de Castillo, e juramentada como presidente pelo Congresso para completar o atual período de governo até 2026, não consegue garantir a estabilidade. Além disso, seu governo é responsável pela morte de uns 60 manifestantes.
Boluarte compareceu em março passado perante a Procuradora-Geral da nação, Patrícia Benavides, no marco da investigação por genocídio, homicídio e ferimentos graves em participantes dos protestos. A verdade é que até agora nenhum mandante ou executor dessas mortes foi julgado.
O presidente da Assembleia Nacional de Governadores, Rohel Sánchez, representantes da Igreja Católica e parentes das vítimas exigem que esses crimes não fiquem impunes.
Houve centenas de prisões arbitrárias, ocupação de sedes de organizações rurais e de partidos políticos e os militares chegaram a invadir a Universidade Maior de San Marcos, em Lima, a capital.
Os pedidos dos manifestantes são totalmente ignorados: liberdade para Castillo, que cumpre 36 meses de prisão preventiva por supostos delitos de corrupção, que nega o ex-presidente, e insiste em que está “sequestrado injustamente”.
A maioria dos peruanos pede, em primeiro lugar, a demissão de Boluarte, convocação de novas eleições e referendo para uma assembleia constituinte o mais rapidamente possível.
Todavia, Boluarte se recusa a deixar o cargo e no Congresso não prospera acordo para adiantar as eleições que abriria o caminho para o fim da atual crise.
O órgão legislativo fragmentado, mas com poder para promover impeachment por incapacidade moral, é rejeitado por 9 de 10 peruanos.
Pesquisa de opinião publicada no final do mês passado pelo Instituto de Estudos Peruanos revela que 78 por cento dos entrevistados reprovam o governo de Boluarte e 91 por cento o Congresso.
Desde 2016, Peru vive na instabilidade política e social. Ao longo de seis anos o país teve seis presidentes e nenhum deles conseguiu resolver a crise.
Fonte: Rádio Havana Cuba
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