O perigo real e imediato de adotar a política antidemocrática de combate às tais notícias falsas, é que ela se voltará contra a própria esquerda que a defende com unhas e dentes. Muitos políticos do PT e ministros do presidente Lula estão engajados nesse verdadeiro “tiro no pé” da esquerda “democrática e bem-pensante”.
Os jornalões, que são os mais mentem, aproveitam para atacar o governo Lula e marcar as suas posições de que somente eles têm o “direito” de mentir e falsificar a realidade e não o governo.
De acordo com o jornal O Estado de São Paulo de 29 de março de 2023, “O governo Lula da Silva avocou para si, agora oficialmente, a tarefa de arbitrar o que é verdade ou mentira no debate público. No domingo passado, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) lançou o Brasil Contra Fake, um portal online que reúne respostas para o que a Secom chama de “principais fake news envolvendo o governo federal”. Não se trata de outra coisa senão mais uma manifestação do velho cacoete autoritário dos governos lulopetistas”. Vejam que um dos jornais mais reacionários e golpistas do país tece pesadas críticas contra o governo Lula, chamando-o de tradicionalmente autoritário, ainda que esse mesmo jornal, e outros pertencentes aos verdadeiros tubarões da desinformação, tenham apoiado o governo Bolsonaro e o próprio golpe de Estado de 2016.
Boa parte da esquerda caiu no conto do combate às notícias falsas, ou as ‘fake news’. Provavelmente os “companheiros” da esquerda pequeno-burguesa e identitária nunca tiveram contato com as obras de Marx e Engels. Na obra “A ideologia alemã” os autores e militantes revolucionários, antes mesmo da publicação do Manifesto Comunista de 1848, já chamavam a atenção para os seguintes dizeres “as ideias dominantes são produzidas e reproduzidas pela classe dominante no seu tempo histórico”.
Em outra passagem, da não menos golpista Folha de São Paulo, a jornalista Patrícia Campos Melo produz uma matéria sobre o tema na direção de ratificar a posição de que a política de combate as ditas “fake news” do governo Lula se apropria indevidamente do tema para politizar o assunto que envolve a desinformação. No trecho da matéria da jornalista da Folha a posição o PIG (Partido da Imprensa Golpista) caminha na direção de aproveitar da política errônea do governo para atacar a administração Lula: “Agências de checagem de fatos acusam o governo Lula (PT) de “apropriação indevida” e “politização do combate à desinformação” pelo lançamento no último sábado (25) do site BrasilContraFake, supostamente de checagem de fatos, pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência.
Em tuíte no domingo (26), o presidente Lula caracterizou a iniciativa como uma “plataforma de checagem de informações e combate à desinformação”.
“O Brasil sofreu muito com mentiras nas redes sociais nos últimos anos. Precisamos fortalecer uma rede da verdade. O @govbr lançou nesta semana uma plataforma de checagem de informações e combate à desinformação.”
Para os checadores, não existe checagem de fatos feita pelo governo, porque o processo necessariamente precisa ser independente e apartidário.
Reparem que a imprensa golpista pode ter partido e o governo não; e, apesar dessa política bastante ruim do governo Lula e combater as notícias falsas, por outro lado, os porta-vozes da burguesia são uníssonos quando se trata de atacar o governo por todos os flancos. A própria Folha de São Paulo reforça seus argumentos a partir de canais organizados de “controles” “democráticos” da “informação”, inclusive o Estadão como na sequência da passagem da matéria da jornalista Campos Melo da Folha “Além disso, dizem, o site não segue os princípios básicos da checagem, como indicar de onde foram retiradas as informações usadas nas checagens e qual é a metodologia usada para determinar a veracidade, além de ter transparência no processo de escolha do conteúdo que será verificado.
“Temos reservas a essa iniciativa. Não sabemos se essa plataforma adotará os critérios da IFCN [International Fact-Checking Network], que baliza o trabalho das agências de checagem em todo o mundo”, diz Alexandre Gimenez, responsável pelo UOL Confere.
“Também existe uma questão ética envolvida, já que parte do trabalho de uma agência de checagem é verificar informações divulgadas pelo próprio governo.”
A Agência Lupa aponta que alguns conteúdos “verificados” são, na realidade, notas de “esclarecimento” do governo.
Em publicação sobre o aumento do desmatamento em fevereiro, afirma a Lupa, o governo confirma que os dados são verdadeiros (sem apresentar nenhum link para as bases de dados relevantes sobre o tema), mas diz que “políticas públicas ambientais são marcadas pela efetividade a médio e longo prazo, e não imediata”.
“Ou seja, a nota apenas tenta eximir o governo de responsabilidade pelos resultados atuais”, diz a agência.
“Isso não é checagem de fatos, é assessoria de comunicação do governo”, diz Daniel Bramatti, editor do Estadão Verifica. “O governo tem o direito de esclarecer informações erradas sobre políticas públicas, mas isso não é checagem, não queremos uma Fakebras, uma visão estatal sobre o que é fato e o que não é.”
A plataforma veicula também desmentidos de relatos falsos relacionados ao governo, como o boato de que o Executivo teria determinado o fechamento das comportas da transposição do rio São Francisco, mas não aponta para as fontes originais nas quais a versão correta poderia ser encontrada.
O grupo UOL e a Agência Lupa e outras instituições internacionais que balizam como “deve” ser o “bom” e “velho” jornalismo camarada de sempre com a burguesia é o primeiro a criticar os governos populares de esquerda e o último a denunciar os golpes de Estado, já que em todos, eles estão atuantes fazendo o seu trabalho sujo costumeiro de manipulação e desinformação da população. Quando o grupo Globo no seu jornalismo televisivo lançou o quadro É Fato ou Fake, esse, claro, tem total respaldo para construir seus argumentos para dizer o que é verdade ou mentira universais e de adesão uníssona com os demais meios de comunicação da classe dominante e vinculados ao imperialismo; só quem não pode é a esquerda e o governo Lula, que se querem tem o direito de se explicarem a população; já que o controle quase que total dos meios de comunicação está nas mãos da direita.
A imprensa combativa e revolucionaria do DCO (Diário da Causa Operária) aproveita para impulsionar a campanha de que o governo Lula possa criar canais de comunicação e ampliar a participação comunitária dos meios de comunicação de massa nas mãos da classe operária e do grande público e inverter a lógica do controle sobre os argumentos narrados pela imprensa capitalista golpista e oportunista. A informação pertence ao povo na forma do controle e da produção do conteúdo, conforme a realidade apresentada pela população no seu concreto e verdadeiro cotidiano.