Em editorial publicado nessa segunda-feira (10), o jornal o Globo fez o que faz de melhor: ser um porta-voz oficioso dos Estados Unidos da América, ou seja, do imperialismo.
Às vésperas da viagem do presidente Lula à China, viagem esta que poderá resultar em vários acordos bilaterais em prol do fortalecimento das relações entre dois países oprimidos pelo imperialismo (Brasil e China) e, consequentemente, em uma maior independência destes em relação aos EUA, o Globo exorta Lula a agir de forma submissa perante o Tio Sam.
O jornal golpista busca enquadrar Lula na questão referente à guerra na Ucrânia. A guerra é uma questão de interesse fundamental para os EUA, e o Brasil vem adotando uma política contrária à do imperialismo, qual seja, uma política de paz.
Segundo o Globo: “o assunto em que o Brasil tem menos a ganhar e mais a perder é a guerra na Ucrânia. Xi reforçou recentemente sua parceria estratégica com Vladimir Putin. O plano de paz sugerido pelos chineses não passa de uma cortina de fumaça para favorecer os russos. Lula precisa tomar cuidado para não ser enredado numa trama distante do interesse do Brasil e, com isso, indispor-se com os Estados Unidos. Deve, acima de tudo, evitar gafes verbais ao falar demais sobre o conflito na Ucrânia […] uma posição favorável ao eixo sino-russo na questão ucraniana seria interpretada como desafio”.
Traduzindo, novamente o jornal o Globo age como mensageiro de Joe Biden, e diz a Lula para não seguir com sua política para a guerra na Ucrânia. A mensagem que o jornal realmente quer passar é a seguinte “não tente ser um mediador da paz não região. Não fique do lado da Rússia. Condene o gigante do leste europeu como sendo o agressor. Condene Putin como sendo um criminoso de guerra, como sendo um genocida”. Esta é política do imperialismo. Esta é política que o Globo espera que Lula faça na China.
Em suma, a imprensa golpista continua a pressionar Lula para ser um capacho dos EUA. Caso Lula ceda na questão da Ucrânia, o imperialismo se sentiria mais confortável para pressioná-lo a ceder em sua política econômica, forçando-o a adotar uma política neoliberal puro-sangue, esmagando os trabalhadores e o povo brasileiro por completo (favorecendo o capital financeiro, pilar do imperialismo).
Contudo, a história política e as movimentações anteriores do presidente indicam que é provável que isto não aconteça. No decorrer dos cem primeiros dias de seu terceiro mandato, Lula já deu várias outras demonstrações de não ser servil ao imperialismo, pois o governo brasileiro:
- Recusou-se a fornecer munição à Ucrânia, para que o imperialismo continuasse a lutar contra a Rússia;
- Não condenou a Nicarágua na ONU por violações aos direitos humanos, se opondo aos EUA;
- Recusou-se a assinar declaração da Cúpula da Democracia da ONU que condena a Rússia pela guerra da Ucrânia;
- Votou a favor da investigação do atentado ao gasoduto Nord Stream;
- Criticou a acusação farsesca de uso de armas químicas pelo governo sírio contra a própria população, emparedando o imperialismo na ONU.
Embora haja uma forte pressão do imperialismo, essa viagem de Lula à China fortalece as relações entre o Brasil e o gigante asiático. Por conseguinte, espera-se que o imperialismo sofra um golpe e enfraqueça sua dominação. O que provocará um acirramento das contradições. De O Globo só podemos esperar que passe a ser mais golpista do que já é, publicando editoriais execráveis como que este do dia 10, pregando que sejamos subservientes aos interesses dos Estados Unidos.