A construtora Corpal, como mais uma empresa burguesa que passa por cima de tudo, ignorou os avisos do MPF e iniciou suas obras em uma área indígena, na cidade de Dourados, Mato Grosso do Sul (a terra da Simone Tebet). A comunidade indígena, revoltada, iniciou a retomada, o que prontamente foi respondida pela polícia do Riedel com prisão de lideranças, entre eles o Magno Souza, o candidato ao governador do MS pelo PCO.
O ofício sobre construção de condomínio de luxo nos limites da comunidade Yvu Verá enviado à Corpal foi assinado pelo Procurador da República Marco Antonio Delfino de Almeida, no dia 14/03/2023. O procurador é conhecido como defensor das causas indígenas, e foi perseguido pelas autoridades por sua convicção política.
As obras da construção civil da Corpal iniciaram em fevereiro, porém as chuvas frearam o ritmo. Em março, engaloparam, apesar das alertas de que não deveriam levantar o muro até a resolução na justiça. A comunidade indígena alega que a obra está em execução na área que pertence ao território indígena.
A construtora admitiu em nota que tinha conhecimento de ofício do MPF e afirmou que paralisou as obras no dia 29/03/2023, 15 dias após o envio pelo MPF. Essa afirmação foi desmentida por lideranças indígenas, que alegam que as máquinas estavam trabalhando na área. A Corpal afirmou que terreno está em situação regular.
Sobre o conflito da terra
Segundo o portal CIMI, A Reserva de Dourados tem apenas 3,4 mil hectares, onde cerca de 20 mil indígenas vivem, resultado do extinto Serviço de Proteção ao Índio (SPI) que expropriou milhares de indígenas do extenso território e confinou em pequenas áreas de reserva. Em 2007, um Termo de Ajustamento de Condutas (TAC) foi firmado entre MPF e a Funai para estabelecer territórios a serem identificados e delimitados até 2010, entre eles a Terra Indígena Dourados Pegua, que incluiria a área atualmente disputada. A demarcação permanece paralisada, o que motivou inúmeras retomadas, entre elas Yvu Vera. A retomada realizada em 07/04/2023 teve como motivação a revolta das famílias Kaiowá com o descumprimento de um acordo informal que tinham com o antigo “dono” da chácara sobreposta à do Yvu Vera. O acordo dizia que enquanto a demarcação não avança, os indígenas se manteriam em faixa territorial delimitada, com o compromisso de o dono não avançar com construções sobre a terra. Mas a área em questão foi vendida à Corpal, que iniciou a construção de muros de condomínios de luxo.
Construtora Corpal é uma empresa familiar. Oriundo de casal de paulistanos que migraram do interior do Estado de São Paulo ao estado de Mato Grosso do Sul, atualmente é liderado pelo seu primogênito, que é presidente de Joint Ventura das dezenas de empresas em posse da família. Uma delas é a Corpal Incorporadora e Construtora Ltda, com sede em Dourados-MS, especializada em construção de condomínios, de luxo e de cunho popular.
O presidente do grupo tem ligações políticas que permite fazer tudo, inclusive limpar terreno que tem registro de demarcação indígena. As lideranças indígenas foram presas pela Tropa de Choque a pedido do secretário de Justiça do MS, segundo o portal CIMI. Fora as influencias regionais, tinha proximidade com o general Augusto Heleno, a quem tinha pedido a autorização para construir aeródromo na divisa entre Brasil e Paraguai.