Renato Dias
Um ano da guerra: qual o futuro do conflito?
Eduardo Vasco: É bom sempre lembrar que o que completou um ano foi a participação da Rússia na guerra. A guerra em si já dura desde 2014. Desde o ano passado muita gente tem arriscado um palpite de quando ela acabaria e a maioria errou, achavam que terminaria em poucos meses. Eu nunca quis arriscar esse palpite. Penso em possibilidades e acho que a Rússia já deu muitos sinais de que vai tentar reintegrar todo o território do Donbass até a fronteira com a Moldávia.
O que quer Vladimir Putin?
Eduardo Vasco: Apenas se proteger das ameaças da OTAN. Nada mais. A OTAN derrubou um governo eleito pelo povo em 2014, instalou uma ditadura apoiada em organizações nazistas, inclusive armadas, financiou a perseguição aos russos étnicos e armou o exército e os grupos paramilitares para executarem um genocídio no Donbass, com o objetivo de debilitar a fronteira com a Rússia e ganhar terreno para uma eventual agressão armada contra Moscou. Putin teve de se defender.
É possível estabelecer números de mortos, feridos, refugiados da Ucrânia e Rússia?
Eduardo Vasco: Muito difícil. Como se diz por aí, a primeira vítima de uma guerra é a verdade. Eu estive no Donbass e a própria ONU considera que desde 2014 morreram mais de 14 mil pessoas naquela região. Mas pessoas me disseram que esse número pode ser dez vezes maior.
A hecatombe nuclear é uma possibilidade histórica?
Eduardo Vasco: É uma possibilidade cada vez maior desde que o sistema controlado pelos EUA, que podemos chamar de imperialismo, ou seja, o sistema capitalista internacional controlado pelos monopólios industriais e financeiros, começou a sua derrocada com a crise de 1973. Essa crise se aprofundou em 2008 e o que estamos vendo hoje, guerra e crise econômica fortíssima na Europa, é um resultado disso. A Rússia tem armas nucleares e pode utilizá-las caso seja ameaçada pela maior potência bélica do mundo que é a OTAN, que conta com três países com poderio nuclear [EUA, Reino Unido e França].
Fonte: Renato Dias