Lavrador, camponês, ferreiro, educador, sindicalista, ambientalista, pensador, ícone da luta contra a ditadura militar no Brasil (1964-1985) e um dos fundadores históricos da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e do Partido dos Trabalhadores (PT). Estas são as credenciais de Manoel da Conceição, tema do documentário “Minha Perna, Minha Classe”, dos premiados Arturo Saboia (diretor e roteirista) e Cassia Melo (produtora executiva).
Para retratar a trajetória do líder camponês maranhense, que foi preso, mutilado, torturado e exilado pela ditadura, a dupla se debruçou sobre estudos, documentos, depoimentos e recriou os passos de Manoel da Conceição (1935-2021).
O lançamento do documentário para convidados aconteceu em 3 de fevereiro de 2023, no Palacete Gentil Braga em São Luís, no Maranhão. E em março, foi exibido em diversas capitais pelo país e nas redes sociais do projeto @minhapernaminhaclasse. O documentário completo agora está disponível no Youtube de forma gratuita, para quem tiver interesse em conhecer a trajetória de luta e vida de Manoel da Conceição.
Gilvânia Ferreira, conhecida como Vânia do MST e candidata a deputada federal pelo PT nas últimas eleições, conta que a militância do Manoel da Conceição foi muito importante, tanto para o movimento camponês quanto ao partido dos trabalhadores, porque ele acreditava na força política do campesinato.
Manoel acreditava na possibilidade de que os camponeses poderiam ser uma força motriz, dirigente do país, junto com os operários. Acreditava muito na aliança campo e cidade.”
Em entrevista ao portal maranhense Buliçoso, a produtora executiva do filme, Cassia Melo, conta que o documentário reproduz algumas cenas impactantes na história de Manoel da Conceição. “É um filme muito importante para a história do Brasil, principalmente nesse momento de reafirmação da democracia, pois não podemos esquecer a luta do trabalhador rural e a luta pela Reforma Agrária, duas das principais pautas de Manoel”, pontua Cássia. “As pessoas precisam conhecer o Manoel da Conceição”, afirma.
Segundo Vânia, além da luta pela democratização da terra para os camponeses e trabalhadores rurais, Manoel também defendeu a criação de alternativas coletivas, por meio da criação de cooperativas para geração de dignidade e renda. “Ele acreditava que a conquista da terra é importante, acabar com o latifúndio. Mas, que tinha que ter outro passo, o do cooperativismo. Levantou a bandeira da agroecologia, da produção de alimentos numa perspectiva agro-extrativista, numa relação respeitosa com a natureza, que o camponês pudesse produzir alimentos pra sua autonomia alimentar e para o comércio. E ter melhores condições de vida no campo, desde a moradia, às condições dignas de trabalho.”
Vânia relata ainda, que Manoel ressaltava a importância da juventude do campo e seu protagonismo nas lutas populares. “Ele tinha uma preocupação que a juventude camponesa assumisse o comando. Trazendo inovações pro campo, diversificando a produção pra que pudesse incluir a juventude e as mulheres.”
Agora em filme, a legado de Manoel segue inspirando todos os dias muitos lutadores, em especial no Maranhão a seguir na luta pela terra. “Manoel da Conceição é um exemplo de vida, de lutador, resistente, de rebeldia. Manoel acreditava que os problemas deveriam ser resolvidos a partir da base, onde estavam os trabalhadores e trabalhadoras. Ele deixa pra gente o sentimento de semeador, de sonhos e esperanças”, conclui Vânia.
O projeto conta com a Lei de Incentivo à Cultura, patrocínios do governo do Estado do Maranhão e Grupo Mateus e realização da Climax Filmes e Oito Projetos Criativos. O elenco e a produção são maranhenses. O documentário tem a duração de uma hora e 36 minutos. Assista a obra completa abaixo!