Repercute na imprensa burguesa a decadência da dominação da Rede Globo sobre o mercado das comunicações no Brasil. Nos esportes, o monopólio exercido pela empresa da família Marinho foi responsável por afastar os torcedores dos jogos dos seus times. Com orçamento muito superior à concorrência, a Globo chegou a comprar os direitos de transmissão de jogos não para colocar na sua programação, mas apenas para impedir que outras emissoras brasileiras transmitissem. Quem perdeu foram os torcedores e o próprio futebol brasileiro.
Alçada a gigante das comunicações durante a ditadura militar, a empresa passou a contar com capital estrangeiro e a se estabelecer como um monopólio a partir do favorecimento do Estado e da burguesia mais ligada ao imperialismo. Muito da penetração da Globo na população brasileira remonta ao período no qual essa dominação esteve estabilizada. Porém, nos últimos anos, esse monopólio vem dando suas fraquejadas e expondo cada vez mais nitidamente que vive um momento de crise.
Confrontada com a concorrência de outros monopólios estrangeiros no setor de transmissões pela Internet, a Globo vem demonstrando apresentar problemas orçamentários e têm sido rotineiras as demissões, além de não conseguir garantir todos os direitos de transmissão, como fazia antes. Recentemente, a emissora demitiu muitos profissionais antigos do setor esportivo, como o narrador Cléber Machado. Galvão Bueno comunicou ter saído da emissora em comum acordo, mas é bastante óbvio que se trata de um movimento da empresa no sentido de baratear a folha de pagamentos.
Em 2023, a Bandeirantes retomou os direitos de transmitir a Fórmula 1, evento mais importante da corrida automobilística no mundo. Para a transmissão da Libertadores, a Globo divide os direitos com a ESPN e o serviço de transmissão online Paramount+, ambas empresas norte-americanas. As duas também vão transmitir a Sul Americana, dessa vez ao lado do SBT. Para a transmissão dos jogos da Copa do Brasil, a Globo divide os direitos com o canal da CBF no YouTube e com o serviço de streaming Amazon Prime. Por enquanto, a exclusividade na transmissão de jogos do futebol brasileiro para a Globo fica mantida apenas no Campeonato Brasileiro.
É daí que vem, inclusive, o ataque da imprensa burguesa às redes sociais. Finalmente, é um ambiente extremamente democrático que permite, inclusive, a transmissão gratuita de praticamente qualquer partida de futebol, seja no Brasil ou não. Nesse sentido, trata-se de um veículo que desafia diretamente o poder da grande imprensa, permitindo que as pessoas acessem ao conteúdo que desejam sem precisarem passar pela burocracia das transmissões nas grandes emissoras.
Mesmo controlando uma fatia muito importante das transmissões dos jogos de futebol, a falta de exclusividade abre brechas para que outras emissoras e os serviços de streaming transmitam jogos “inoportunos” para a Globo. Sem o controle absoluto das transmissões, a Globo não pode impedir que as outras escolham passar jogos que coincidam com outros programas da emissora. A expectativa positiva é que o torcedor tenha acesso a mais jogos na TV aberta e streaming gratuito, como nos jogos transmitidos por canais no YouTube.