Você quer ver o que é unanimidade? Veja as manchetes da chamada grande imprensa internacional sobre as eleições de domingo 26 de março passado em Cuba. Você quer ver o que é oficialismo? Compare-os com as declarações do governo dos EUA e de sua embaixada em Havana sobre o mesmo assunto.
Apesar do fato de que o comparecimento em Cuba excede significativamente o dos dias de eleição nos países onde estes meios de comunicação estão baseados, o abstencionismo é a palavra de ordem em sua cobertura, coincidindo de forma muito coincidente com o apelo feito anteriormente pela máquina de propaganda em redes digitais, paga por Washington e destinada à Ilha.
Crentes dogmáticos de que não há democracia sem um sistema multipartidário, pelo caminho insistem que não há partidos, competição ou oposição entre os candidatos, mas omitem de onde eles vieram.
Imagine por um momento como seria perigoso para seu público se eles soubessem que estas candidaturas foram debatidas, aprovadas e às vezes até modificadas por uma Assembleia Municipal eleita por voto secreto dos moradores por uma lista de indicados em assembleias de vizinhança abertas e públicas. Nessas reuniões de vizinhança, cada eleitor pôde fazer o que no modelo eleitoral defendido pelos Estados Unidos e pela imprensa que o serve em sua guerra contra Cuba é monopólio de um partido: indicar e aprovar candidatos.
Se é difícil explicar isto àqueles que dirigem o democraciômetro internacional, é impossível para eles revelar a chave do enigma: nestas assembleias cubanas, base do sistema eleitoral, não há mais «candidatos da oposição» do que há candidatos do Partido Comunista: há candidatos dos moradores que os indicam e elegem, e esta chamada oposição é tão numerosa e tão forte que nunca venceu uma única eleição em um único bairro, não importa o apoio da mídia e financeiro que receba dos Estados Unidos.
Neste ponto seria pedir demais que deem contexto, que falem, não de um bloqueio de mais de 60 anos, que substituem pela palavra sanções para desfocar seu impacto, mas das centenas de novas medidas Trump-Biden que, em meio a uma pandemia, cortam, entre muitas coisas, remessas, combustível, acesso bancário internacional e até mesmo oxigênio, procurando entregar a Revolução Cubana à escassez, à fome e às doenças.
O fato de que apesar de sofrer esta agressão ao estilo de Valeriano Weyler do século XXI, aplicada a Cuba pelos Estados Unidos, os cubanos, uma maioria imponente - como Washington e a mesma imprensa a chamariam em qualquer outra parte do mundo - foi às urnas para apoiar seu modelo político com seu voto não é a notícia, mas sim a minoria que eles acreditam ter feito o que o gendarme mundial os instruiu a fazer.
Há muito tempo sabemos disso: ao contrário do que acontece quando se fala de outros processos eleitorais, o processo eleitoral cubano sempre recebe manchetes para o perdedor: chama-se governo dos EUA, mesmo que o jornalismo servil o chame de abstenção.
Como os detratores que recentemente agrediram nossos jogadores de beisebol e suas famílias em Miami, e a quem chamam de opositores, eles nos ajudam a entender melhor o que não queremos quando estamos prestes a aprovar uma Lei de Comunicação para Cuba: uma imprensa antiética, controlada por anunciantes, acionistas e interesses corporativos.
Fonte: Granma