A American Library Association (ALA) denunciou no dia 23/03 que foram recebidas 1.269 solicitações de censura a livros nos Estados Unidos em 2022, em particular sobre o tema LGBTQIA+ ou sobre pessoas não brancas; foi quase o dobro de solicitações que em 2021. Foram 2.571 títulos que foram alvo de censura, em 2021 foram apenas 713, e em 2020 foram 156 títulos. A ALA apenas contabiliza as denúncias que recebe diretamente e tem orientação política de centro-esquerda, pequeno burguesa por conseguinte.
Mais da metade dos livros denunciados foram livros em bibliotecas e planos de estudos escolares, e o restante contra títulos em bibliotecas públicas. Anteriormente as tentativas de censura envolvia retirar o livro de circulação ou restringir o acesso a ele.
Hoje, “estamos vendo que essas impugnações são de grupos de censura organizados que vão às reuniões dos conselhos de administração das bibliotecas locais para exigir a retirada de uma longa lista de livros” e “que ninguém os possa ler”, disse Deborah Caldwell-Stone, diretora da ALA.
A censura não é somente contra os livros, há ameaças a funcionários de bibliotecas, ao cargo que ocupam esses funcionários, à sua segurança, e, em alguns casos, ameaças diretas por fornecerem livros aos jovens e a seus pais que desejam ler, como foi relatado pela presidenta da ALA, Lessa Kanani’opua Pelayo-Lozada.
A impugnação de um livro pode se resolver em favor da sua manutenção na coleção, restringir o seu acesso ou retirá-lo da biblioteca, como foi apontado pela ALA. A associação tomou o rumo da pequena burguesia e da esquerda pequeno burguesa, que adotaram abertamente a política identitária da burguesia imperialista que resultou na inclusão massiva de posições quanto às questões LGBT e de pessoas negras ou não brancas na literatura, o que, na realidade, no dia-a-dia, não resolve a opressão sofrida por estes grupos muitos menos da classe trabalhadora como um todo. Ressaltamos que o foco nestas questões incluídas nas últimas publicações dos livros não foi um fato natural e paulatino, foi uma imposição do imperialismo, daí a massividade na inclusão destas questões, bem como o grande aumento da rejeição da população observada nos gráficos da ALA.
Estas censuras, contrariamente às censuras identitárias oriundas do imperialismo através do Estado, como vimos, pelos próprios dados divulgados pela ALA acima, são denúncias feitas por pessoas e grupos de pessoas contra livros que tratam das questões citadas. Demonstramos novamente, conforme já denunciado neste Diário, a rejeição da população das propostas vindas da direita imperialista. O identitarismo driblou a grande maioria dos políticos de esquerda, alguns até a custo de financiamento direto do imperialismo, foram comprados; porém a população, sem apoio dos partidos de esquerda toma a frente e se volta contra o imperialismo. Essa população tem sentido na pele, que as propostas do imperialismo, no final, têm como alvo o ataque ao bem estar da classe trabalhadora e aos setores da burguesia que têm menos dinheiro, que são a maioria, em detrimento da burguesia financeira, que está controlando a maior parte do dinheiro em seu poder.
Nessa pesquisa feita pela ALA, portanto, analisamos, contrariamente à análise da própria ALA que decidiu ficar do lado da política identitária do imperialismo, que estes setores da população na verdade se levantam contra a política identitária que vem atingindo e prejudicando a população norte americana; é uma reação de forma cada vez mais intensa no último período, em especial a censura identitária de natureza cultural (censura de livros). A política identitária levou, inevitavelmente, a uma reação conservadora e a um fortalecimento da extrema direita, pois os cidadãos de esquerda ficaram desorientados pelos partidos da esquerda pequeno burguesa.
Os livros cumprem o papel de formação intelectual do seu público, e o alvo do imperialismo na inclusão massiva do identitarismo nos livros tem como alvo a imposição de uma cultura, na formação de novas gerações dominadas por uma política pontual que não resolve o problema da maioria da classe trabalhadora, ou seja, a opressão da burguesia imperialista contra a classe trabalhadora. O alvo da política identitária é esconder o verdadeiro inimigo, a burguesia financeira, de quem produz a riqueza, a classe trabalhadora.