Para não ser criticado, xingado e amaldiçoado pela imprensa, Lula só tem uma opção: ficar calado. E olhe lá! Se a burguesia resolver voltar à ofensiva vista durante a Operação Lava Jato, não haverá como escapar.
O fato é que as “críticas” — leiam-se, os ataques truculentos — da imprensa não são meras divergências com o presidente da República. A burguesia já está em pé de guerra com Lula porque já percebeu que o petista representa o exato oposto de seus interesses. Ao contrário de Jair Bolsonaro e Michel Temer, Lula não está disposto a esfolar o povo em favor dos bancos e vampiros do capital financeiro.
O arsenal de ataques a Lula da vez se devem às suas declarações a respeito do ex-juiz Sergio Moro. Lula, em entrevista ao Brasil 247, disse que só iria ficar bem quando “fodesse” o atual senador e se “vingasse” dos responsáveis por colocá-lo na cadeia. Só por esse fato, Lula já teria o pleno direito de querer se “vingar”: o presidente foi difamado pela imprensa a todo instante — e até hoje não houve retratação —, foi condenado sem provas e teve uma série de direitos negados, como o de se candidatar e mesmo o de comparecer ao enterro de seu neto.
Acontece que os crimes de Sergio Moro, de Deltan Dallagnol, da Rede Globo e do Departamento de Justiça norte-americano não são apenas uma ataque ao presidente Lula, mas sim a todo o povo brasileiro. Toda a perseguição à figura de Lula não tinham raiz em alguma desavença pessoal, mas a um objetivo político bastante concreto: estabelecer um regime no Brasil que seja completamente submisso aos interesses do imperialismo.
E o povo brasileiro, o maior alvo de toda essa operação, cujo principal símbolo é o golpe de Estado de 2016, já sente, há muito tempo, o efeito dessa ofensiva. Quase 700 mil pessoas foram mortas por coronavírus diante do abandono total do Estado, mais de 60 milhões de pessoas estão em “insegurança alimentar”, o desemprego real, disfarçado pelas nomenclaturas do IBGE, é altíssimo e o salário mínimo já não vale nada. E a causa é cada vez mais evidente: vai desde os ataque diretos aos direitos trabalhistas, como a reforma da Previdência, à privatização da Eletrobrás e a entrega da Petrobrás aos sanguessugas do capital financeiro. O povo está sendo feito de escravo para sustentar uma corja de pessoas que sequer mora no País.
O “rancor” de Lula, neste sentido, não é um rancor pessoal. É a expressão de uma revolta de todo o povo contra os ataques da direita ao País.