A decisão britânica de fornecer munições com urânio empobrecido a Kiev faz parte de uma tendência perigosa que torna o conflito na Ucrânia uma ameaça para toda a Europa, O presidente da Duma estatal russa, Vyacheslav Volodin, alertou.
“A guerra ao último ucraniano pode se tornar uma guerra ao último europeu”, disse o político em uma publicação nas redes sociais. Inúmeros membros do governo russo afirmaram que os aliados imperialistas de Kiev estão preparados para sacrificar todos os ucranianos por seus interesses.
Volodin argumentou que a aquisição de munições com urânio empobrecido por Kiev, que pode contaminar o campo de batalha e causar riscos à saúde nas próximas gerações, pode se tornar um trampolim para armas ainda mais perigosas. O próximo passo “poderia ser o uso de uma bomba suja pelo regime de Kiev ou o envio de uma arma nuclear tática”, adicionou.
O presidente Vladimir Putin expressou preocupação com a decisão britânica no início desta semana, alertando que a Rússia “será forçado a reagir de acordo, tendo em mente que o Ocidente coletivo já começou a usar armas com um componente nuclear”.
As forças armadas russas alegaram em outubro passado que duas organizações na Ucrânia receberam instruções para construir a chamada bomba suja, usando materiais aos quais Kiev teve acesso desde que fazia parte da União Soviética. O Ministério da Defesa da Rússia anteriormente forneceu uma lista de locais na Ucrânia onde são mantidos combustível nuclear e resíduos nucleares.
Uma bomba suja tem um núcleo explosivo convencional cercado por uma jaqueta radioativa que, quando detonada, causa contaminação séria.
Kiev negou as alegações e convidou a Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA), o órgão de vigilância nuclear da ONU, a inspecionar várias de suas instalações atômicas, incluindo a usina de enriquecimento mineral oriental na região de Dnepropetrovsk e o Instituto de Pesquisa Nuclear na capital ucraniana.
O governo britânico anunciou na segunda-feira que enviará munição de perfuração de armadura à Ucrânia contendo urânio empobrecido, ao lado dos principais tanques de batalha do Challenger 2, anteriormente prometidos.
Putin alerta Reino Unido contra o fornecimento de urânio empobrecido à Ucrânia
O presidente russo Vladimir Putin alertou Londres contra a entrega planejada de balas de urânio empobrecido para a Ucrânia, afirmando que as armas serão tratadas por Moscou como contendo componentes nucleares.
Putin comentou os planos britânicos de incluir munições desse tipo em uma próxima entrega dos principais tanques de batalha do Challenger 2 enquanto falava ao lado do presidente chinês Xi Jinping após conversas em Moscou na terça-feira.
“Gostaria de observar que, se isso acontecer, a Rússia será forçada a reagir de acordo, tendo em mente que o Ocidente coletivo já começou a usar armas com um componente nuclear”, afirmou.
Um aviso semelhante foi emitido pelo ministro da Defesa russo Sergey Shoigu, que disse que a medida aproximaria o mundo de um desastre nuclear. “Outro passo foi dado e resta cada vez menos”, disse Shoigu a repórteres.
A entrega foi anunciada na segunda-feira por Annabel Goldie, ministra de Estado do Reino Unido no Ministério da Defesa, ao responder a uma investigação por escrito sobre o assunto. Ela confirmou os planos de entregar as rodadas das munições radioativas para Kiev, elogiando-as como uma arma altamente eficaz.
“Juntamente com a concessão de um esquadrão dos principais tanques de batalha do Challenger 2 para a Ucrânia, forneceremos munição, incluindo balas perfurantes que contêm urânio empobrecido. Tais munições são altamente eficazes para derrotar tanques e veículos blindados modernos”, declarou Goldie.
As munições radioativas são objeto de controvérsia internacional, com críticos de seu uso destacando a toxicidade e a radioatividade do material. O urânio empobrecido é usado para fazer os núcleos endurecidos das balas perfurantes, destacando-se nessa função devido à sua alta densidade. O núcleo da bala evapora no impacto, transformando-se em aerossol e contaminando o ambiente com urânio.
Essas munições foram usadas ativamente pela OTAN durante a Primeira Guerra do Golfo, bem como durante a agressão do bloco contra a ex-Iugoslávia, tanto na forma de bombas de artilharia de tanques quanto de aeronaves. O uso das munições foi reconhecido pela OTAN em um relatório de 2000, com o bloco liderado pelos EUA revelando que havia usado cerca de 10 toneladas métricas de material na Iugoslávia – e 300 toneladas no Iraque. O relatório reconheceu que o material representa uma ameaça devido à sua toxicidade em uma “forma de aerossol”.
Cabe notar que os efeitos de contaminação são muito prolongados. Até hoje existem casos de pessoas sofrendo os efeitos e adoecendo por conta desse tipo de munição nos locais onde foram utilizadas. Não bastasse isso, a Ucrânia é um dos maiores produtores mundiais de grão e oleoginosas. A contaminação do solo pode causar um gravíssimo desabastecimento de alimentos.
Em outras palavras, o imperialismo está se tornando cada vez mais agressivo com a Rússia, repetindo os mesmos crimes de guerra que cometeram ao redor do mundo em outros momentos, como o citado caso do Iraque e da Iugoslávia. Mais que isso, o imperialismo deixa claro que a vida dos ucranianos, que seriam supostamente defendidos pelos países imperialistas, pouco importa. Afinal, a radiação atingirá o território da Ucrânia, e não da Rússia.
Um milhão de munições de 155 mm, estoques estratégicos e expansão industrial
Mais uma prova disso é que, na segunda-feira (20), os Ministros das Relações Exteriores de países da União Europeia (UE), reunidos em Bruxelas, chegaram a um acordo para desbloquear dois bilhões de euros (R$11 bilhões) para fornecer o enorme volume de munição solicitado pela Ucrânia e aumentar a produção no bloco.
Os ministros aprovaram um plano de três etapas para entregar um milhão de munições de 155 mm à Ucrânia, restaurar estoques estratégicos nacionais e expandir a capacidade de produção da indústria de defesa do bloco, de acordo com diplomatas de cinco países.
Uma demonstração de que, apesar da situação na qual se encontra a Europa em decorrência das sanções imperialistas e apesar das vidas perdidas em uma guerra que tem como responsável número um a OTAN, o imperialismo não recuará e continuará tentando desgastar a Rússia.