O Coletivo Nacional de Saúde da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) se reuniu no último dia 22 de março com objetivo de definir a pauta de reivindicações de saúde e condições de trabalho do setor. A principal bandeira do coletivo é a retomada da mesa permanente de saúde com a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos).
“Os dirigentes sindicais definiram as estratégias de defesa dos principais pontos da pauta de reivindicação, apresentada à Fenaban, com o pedido de agendamento de uma mesa de negociação”. (site Contraf-CUT 22/03/2023)
Sempre é bom destacar que as tais “mesas permanentes” com os banqueiros é só para “inglês ver”. Quem não se lembra que, até recentemente, no auge da Pandemia do Covid-19, essas mesas de negociação com os banqueiros eram uma farsa. As agências bancárias, naquele período, permaneceram lotadas sem que houvesse as mínimas condições de segurança contra a contaminação, tanto foi assim que o número de óbitos e contaminação na categoria foram às alturas.
Na categoria bancária, o número de afastamentos por motivo de doenças está no topo do ranque em relação as outras categorias de trabalho. Essa situação é o resultado direto das péssimas condições de trabalho nos setores e do constante assédio sofrido pelos bancários, diante da voracidade por lucro dos banqueiros.
Além de sofrer com a falta de materiais, a falta de funcionários e o aumento considerável da carga de trabalho, a cada dia os chefes estão exigindo mais dos trabalhadores, submetendo-os ao regime de exploração para cumprir as metas cada vez mais exigentes, mesmo sem as condições mínimas para isso.
Os bancários vêm apresentando altos índices de doenças do trabalho. A excessiva carga de trabalho imposta pelos banqueiros é responsável pelo desenvolvimento de inúmeras doenças como a depressão, síndrome do pânico, LER/Dort, entre outras sequelas que fazem da categoria uma das mais afetadas com as doenças ocupacionais.
Os dados, apresentados pelo movimento sindical, de adoecimento na categoria são verdadeiramente alarmantes: entre 2013 e 2020 a média de afastamentos foi 20.192 por ano. Nos últimos 5 anos o número de afastamentos nos bancos aumentou 26,2%, enquanto no geral a variação foi de 15,4%. A categoria bancária tem peso de menos de 1% no emprego formal no Brasil, mas tem peso de 3% nos afastamentos acidentários. Nos afastamentos previdenciários, as doenças mentais eram de 23% em 2012 e saltaram para 36% em 2021. Nos afastamentos acidentários as doenças mentais e comportamentais saíram de 30% em 2012 para 55% em 2021 e as doenças nervosas saíram de 9% para 16%.
Nesse sentido, os bancários não podem depositar a mínima confiança nas tais mesas de negociações. Somente a mobilização unitária da categoria poderá barrar a sanha dos banqueiros, que desprezam olimpicamente a saúde dos trabalhadores. As direções sindicais devem chamar, imediatamente, plenárias regionais na perspectiva de organizar uma mobilização nacional com o objetivo de dar uma resposta dos trabalhadores bancários à ofensiva reacionária dos patrões.
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