Na última quinta-feira (16), o presidente francês, Emmanuel Macron, resolveu passar por cima do parlamento e da opinião popular e aprovou, a toque de caixa, um roubo contra os trabalhadores a pedido dos banqueiros, passando a idade minima de aposentadoria dos cidadãos franceses de 62 para 64 anos. Mesmo com grandes manifestações populares contrarias à medida, Macron ignorou totalmente e a crise tem se ampliado de forma vertiginosa. Neste momento, as mobilizações se radicalizam por completo.

A polícia tem agido de forma violenta, e a repressão tem escalado a fúria da população, que está colocando fogo nas ruas, bloqueando entrada de empresas e entrando em conflito direto com os militares. A extrema-direita tem se aproveitado da crise e joga gasolina na fogueira, de olho nas próximas eleições. Em comunicado oficial, Marine Le Pen repudiou a reforma da previdência, criticou a atitude do atual presidente e pede que os eleitores se lembrem dessa atitude dos congressistas, que foram favoráveis a medida, quando forem votar da próxima vez.

Tendo essas moções de censura sido iniciadas após a ativação de 49-3, todos os deputados que não votaram nelas são partidários de fato dessa reforma previdenciária. A própria maioria dos franceses contrários terá a oportunidade de lembrá-los durante as próximas eleições. – comunicado a imprensa de Marine Le Pen
“Estamos diante de um presidente que faz uso de um golpe de Estado permanente”, disse Olivier Faure, líder do Partido Socialista Francês, à imprensa local

Nesta quarta-feira (22) o líder francês, Macron, fez um pronunciamento à nação, um dia antes de outra grande mobilização que será nesta quinta-feira (23), afirmando que não vai retroceder e que mudança “seguirá seu caminho”. “Precisamos andar adiante, a reforma está no interesse superior da nação”, completou Macron. Criticando os manifestantes, o presidente francês citou as manifestações no Capitólio e no Brasil no 8 de janeiro. “Não vamos tolerar nenhuma violência. É inaceitável, como foi inaceitável o que aconteceu nos EUA com a invasão do Capitólio e o que se passou no Brasil“, afirmou o presidente francês.
O Ministro do Interior da França anunciou que estava mobilizando 12 mil policiais, para supervisionar a manifestação da próxima quinta-feira (23). Na última terça-feira (21), os policias atacaram a manifestação que acontecia na Praça da República, no centro da capital francesa, com balas de borracha e gás lacrimogênio. Em meio à questão da aposentadoria, têm ocorrido também atos contra o envio de dinheiro do governo para financiar a guerra na Ucrânia, o que tem indignado ainda mais os trabalhadores franceses. Operários estes que também mantém greves em vários locais e fábricas do país.

Cerca de 300 pessoas foram detidas na segunda-feira (20) em várias cidades da França, a maioria em Paris. Só na capital francesa foi dada ordem de detenção a 234 manifestantes. Nesta terça-feira (21), há notícias de bloqueios em vários pontos do país, junto a refinarias, com registo de confrontos com a polícia. As ruas estão cheias de lixo por conta da paralisação dos servidores públicos e quase 10% dos postos de combustíveis já reclamam de escassez. A crise também se dá no setor de transporte, apenas 40% dos trens da capital estão funcionando normalmente.
A crise econômica da França e da Europa, de uma forma geral, tem se aprofundado rapidamente por conta das sanções impostas pelo imperialismo contra a Rússia e também pelo corte do fornecimento de gás russo a vários países da região. Os governos que têm sido contrários às reivindicações populares para sustentar os parasitas do mercado financeiro, sofrem baques gigantescos. No continente, os governantes que estão colocando a política neoliberal à frente dos interesses do povo, têm caído com facilidade.

Toda essa situação deve ser um exemplo para os trabalhadores brasileiros, que precisam fazer o mesmo contra os banqueiros, que impedem o próprio governo de realizar reformas sociais para parasitarem o país. Agora, há uma grande insatisfação entre os setores mais avançados da classe operária com a autonomia do Banco Central e as privatizações realizadas nos últimos anos. Precisamos seguir as mobilizações radicalizadas, como acontece na França, para lutar da mesma forma pela revogação dessas reformas neoliberais, incluindo a da Pevidência e as privatizações.