Ontem (20), completaram-se oito dias de greve em Teresina, capital do Piauí, e a adesão dos motoristas e cobradores é total, devido à atitude calhorda, tanto do prefeito José Pessoa Leal, do golpista Republicanos, quanto das empresas de ônibus.
Os trabalhadores recebem um salário miserável – os motoristas R$ 2 mil e os cobradores R$ 1.302,00 mensais – e estão prestes a completar dois meses sem receber um único centavo, mas a prefeitura, com a ajuda da Câmara de Vereadores fez questão de reajustar a tarifa para R$5 no início de janeiro, no entanto a preocupação com as condições de vida desses operários dos transportes é zero
Desde 2019 que os trabalhadores não têm reajuste salarial e, desde dezembro de 2022, há uma tentativa de negociação com os patrões, bem como, com a prefeitura e há também a participação do Tribunal Regional do Trabalho do Piauí (TRT-PI), os índices oferecidos são irrisórios.
O TRT, por meio do desembargador Téssio, foi capaz de impor aos trabalhadores, que estão com os salários confiscados, que voltassem ao trabalho com 100% da frota no horário de pico e 80% nos demais horários. Coisa que não acontece, nem mesmo no período em que estão todos os trabalhadores no exercício de suas atividades.
Manifestação de apoio
Desde o seu início, no dia 13 de março, os trabalhadores vêm obtendo grande manifestação de apoio, seja da população da cidade, dos diversos trabalhadores, bem como dos estudantes das universidades, colégios, etc. Todos consideram um total desrespeito dos donos das empresas, do prefeito José Pessoa Leal, bem como da Justiça. Consideram um abuso deixar de pagar os salários, confiscando-os e, nessas condições, o TRT impor aos trabalhadores pesadas multas, sendo que as próprias vítimas são os cobradores e motoristas. “Nós utilizamos um transporte sucateado e muito caro, quando deveríamos tê-lo de graça, uma vez que já pagamos impostos para isso”. Disse um jovem trabalhador e estudante da universidade Estadual.
Pagamento dos salários atrasados
Os tubarões dos transportes não acatam nenhuma decisão, como a medida tomada pelo TRT, na última quinta-feira (16), de pagamento dos salários atrasados de fevereiro. Os patrões ignoraram completamente essa decisão, pois sabem que isso é uma mera formalidade; e, que o valor da multa de R$ 1 mil por funcionários, estipulado pelo Tribunal, é bem menor do que se ganha com o dinheiro confiscado dos trabalhadores, rendendo juros e correção monetária no banco.
Reivindicações
Os trabalhadores reivindicam reajuste de 20% acima de R$ 2 mil (motorista) e R$ 1.302,00 (cobradores); auxílio-alimentação de R$ 600,00 e assistência à saúde de R$ 84,00. Os trabalhadores querem, ainda, receber 60% do salário no dia 5 de cada mês e o restante (40%) com o ticket e o plano no dia 20.
Registro para todos
Há vários trabalhadores sem registro na carteira de trabalho e essa é mais uma reivindicação: fim péssimas condições de trabalho. Esses funcionários são obrigados a pagar custos de manutenção de veículos e, quando há assalto, têm de repor o valor que tiver sido levado. Ou seja, o que os patrões fazem é um verdadeiro roubo. “Não recebemos salário em dia, não temos reajuste, em suma, estamos pagando para trabalhar. Disse um trabalhador que, desse jeito não dá!”.
É preciso dar continuidade às mobilizações, reforçar a greve e, a população, os demais trabalhadores, estudantes, etc. devem reforçar o apoio.
É necessário abolir toda e qualquer tarifa e o controle deve estar nas mãos do Estado, portanto, da prefeitura, sem a ingerência dos “concessionários” e que a população seja quem irá fiscalizar o funcionamento e a qualidade desse patrimônio do povo.