Mais um caso de humilhação aconteceu numa manhã, numa penitenciária brasileira, como acontece sempre, e todos os dias, àqueles que têm familiares presos e vão visitá-los.
Uma mãe, e suas meninas, foram visitar seu companheiro, um detento no CDP (Centro de Detenção Provisória de Mauá) no ABC paulista. Logo após a passagem pelo scanner, ela foi obrigada a tirar toda a roupa para a revista (e nem mesmo respeitam os dias em que a mulher está no período menstrual). Durante a inspeção, precisou tirar, além da roupa, o absorvente para provar que estava nesse período. Os agentes, não satisfeitos, a acusaram de esconder um telefone na vagina; sob forte ameaça dos agentes, foi encaminhada para fazer uma tomografia a fim de encontrarem uma suposta arma. O desnudamento de familiares de presos são práticas comuns nos presídios, sendo forçados a fazerem isso a cada visita. Sejam mulheres, crianças, idosos, todos passam por esse procedimento degradante que atenta contra a dignidade humana.
O número de relatos de abusos não para de crescer. Familiares de presos contam que ficam mais de 7 horas na fila e usam banheiros sujos, e muitas das vezes, por pura maldade, os agentes jogam fora a comida que eles levam, ofendem verbalmente e humilham dizendo: quem tem parente também é ladrão. Caso reclamem, serão posteriormente proibidas de aparecerem por meses como forma de punição. Outros relatam que fazem bagunça em seus pertences, servem comida estragada, têm correspondências atrasadas, ou simplesmente não entregam aos presos e ninguém explica o porquê.
O número de denúncias não condiz com a realidade, é muito maior. Por medo, os familiares dos presos se sentem coagidos, desestimulados e evitam problemas maiores com o sistema prisional.
A realização de revista vexatória pode gerar responsabilidade civil do Estado e criminal, diz a defensoria.
É uma violência sexual institucionalizada. Revista vexatória é desumana, é como se as mulheres estivessem sendo violadas dentro dos presídios. O fato e que não podemos confiar nas leis de regime burguês, pois o Estado cria a própria violência e despreza, tem ódio de quem é pobre e em especial dos presos.
Chega de humilhação e criminalização a cada revista. Visita humanizada é um direito dos presos e de suas respectivas famílias.
As mulheres devem lutar contra a repressão e ter seus direitos respeitados, contra a violência das prisões, contra todo o sistema carcerário e contra todo o aparato de caráter assassino do Estado.