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Pró-imperialismo

Defesa da democracia, ouro de tolo da esquerda

O dirigente petista Alberto Cantalice em coro com a imprensa golpista atacou a Nicarágua, a Venezuela, Cuba e a Rússia, é para isso que serve a tese da “democracia”

O dirigente nacional do PT, Alberto Cantalice, postou em suas redes sociais uma das declarações mais direitistas dos últimos tempos, digna de um colunista da Folha de São Paulo: “Daniel Ortega, Nicolás Maduro, Vladimir Putin e Dias Canel não são de esquerda. São ditadores. Quem combate Donald Trump e Jair Bolsonaro não pode conciliar com déspotas que se dizem aliados do nosso campo.” A postagem foi tão repudiada que ele chegou a deletá-la, mas para se defender seguiu com uma série de declarações direitistas pró imperialistas. O mais interessante é que o não é um direitismo padrão, de conciliação com algum setor da direita, mas um direitismo ideológico, algo muito negativo para a direção do PT e muito destoante da posição do presidente Lula.

Primeiro, é preciso responder à sua primeira declaração. Ortega, Díaz-Canel e Maduro estão entre os principais líderes de esquerda da América Latina. Isso é inegável, todos são ligados a movimentos revolucionários da população de seus países, todos travam uma luta contra o imperialismo que tentou sem sucesso derrubá-los diversas vezes. Chamá-los de ditadores é uma campanha ultra direitista que provém direto de Washington. No quesito formal da democracia, Nicarágua, Venezuela e Cuba estão muito melhores que países como Colômbia, com assassinatos de ativistas quase que diariamente; e o Chile, com cinco mil presos políticos.

A tese da ditadura contra a democracia é uma política do imperialismo para atacar seus inimigos. Nunca se vê uma declaração da imprensa burguesa sobre o governo Lasso (Equador) ou Boluarte (Peru), verdadeiras ditaduras. Mesmo Vladimir Putin, que não é de esquerda, é chamado de ditador.

Cantalice expressa todo seu direitismo ao falar sobre a URSS: “Vivi quase um ano na antiga URSS no início da década de 80. Até a carrocinha de sorvete da Pça Vermelha pertencia ao Estado. Se os soviéticos tivessem seguido o caminho chinês de Deng Xiaoping, do Socialismo de Mercado, não teriam desmoronado. Hoje é um capitalismo desavergonhado.” e depois, ao ser perguntado por um internauta: “bastava restaurar o capitalismo pela via chinesa pra dar tudo certo. Vai falar também que o mercado é um grande fator de inovação ou algo assim?” respondeu: “É isso mesmo!”. O dirigente petista se coloca a favor da ala direita do Partido Comunista Chinês que restaurou o capitalismo no país, uma política abertamente contrarrevolucionária. Para ele não é possível defender o Estado operário; ou existe a restauração capitalista controlada, ao estilo China, ou a restauração neoliberal como na Rússia.

Interessante é que a China na definição imperialista seria uma via autoritária e a Rússia uma via democrática, mas Cantalice não se importa com a coerência. O problema é que o petista defende que em um país onde já houve a revolução, onde a burguesia foi expropriada, haja um retrocesso para o capitalismo. Em vez de defender que os trabalhadores tomassem a dianteira do governo derrubando a burocracia, que era o caminho revolucionário tanto para a crise chinesa e a soviética, escolhe a via direitista da China, até porque defender Boris Ieltsin é quase impossível quanto defender FHC. Nesse sentido, o seu ataque a Cuba é ainda pior, pois somado à sua opinião sobre a China, para ser coerente, teria que defender a restauração capitalista em Cuba.

Aparentemente, se autoproclamar esquerdista e atacar Cuba é muito difícil; então, Cantalice recua parcialmente de seu ataque a Díaz-Canel: “O PT é um partido democrático na essência, estou nele por isto. Sempre expressei minhas opiniões sem nenhum tipo de patrulhamento. Defendo Cuba, onde já estive, há mais de 40 anos. Acho que passou da hora de romper o bloqueio dos EUA e também renovar, dar voz aos descontentes.” A sua posição sobre o PT, entretanto, é importante. Não é fácil categorizar o partido, poies ele não tem uma ideologia bem definida; até certo ponto é um balaio de gatos, consegue agrupar líderes operários como Lula e pequenos-burgueses direitistas como Cantalice.

Na seguinte postagem: “Para fazer frente ao fascismo autoritário e excludente precisamos recalibrar o pensamento de certa “esquerda”. Não dá para criticar o autoritarismo da extrema-direita e ignorar os autoritarismos ditos de “esquerda”. É incoerente. A esquerda tem que ser democrática integralmente!”, Cantalice deixa mais clara a sua posição. A luta não é a luta de classes, mas da democracia contra a ditadura.

O marxismo, como método, analisa a luta de classes. Na luta da “democracia” do imperialismo contra uma nação oprimida é preciso defender a nação oprimida, independentemente de seu regime político. Se os EUA atacam a Cuba socialista; ou a democracia venezuelana; ou o Irã dos aiatolás; a ditadura de Saddam Husseim; ou atacam a ditadura argentina, como fez a Inglaterra na questão das Malvinas, é preciso defender esses países contra os imperialistas, pois o imperialismo é maior maquina de opressão da história da humanidade. Não importa se veste sua máscara democrática – como assumiu no pós II Guerra –, ou sua máscara fascista. A ideia de defesa da democracia serve apenas para que a esquerda apoie o imperialismo.

As postagens de Alberto Cantalice são, conforme mencionado, dignas de um colunista da Folha de São Paulo , jornal famoso por expressar as teses democráticas da burguesia. Esse jornal ‘democrático’, bem como os democráticos PSDB, MDB e o democrático, Joe Biden, são os responsáveis pela derrubada da presidenta Dilma Rousseff, prenderam Lula e colocaram o fascista Bolsonaro no governo. Mas sobre esse pequeno aspecto da “democracia” Alberto Cantalice não tem muitos comentários.

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