No dia 27 de fevereiro, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) realizou uma série de ocupações de terras nas áreas da empresa Suzano Celulose e Papel. Aproximadamente 1500 pessoas ocuparam três latifúndios nos municípios de Mucuri, Teixeira de Freitas e Caravelas, no Extremo Sul do estado da Bahia.
As ocupações fazem parte da Jornada de Luta das Mulheres Sem Terra e já contam com mais ocupações na Bahia. No sábado de carnaval (18/02), cerca de 200 famílias ocuparam o perímetro irrigado do Projeto Nilo Coelho, no município de Casa Nova, norte baiano. No mesmo dia de ocupações dos latifúndios pertencentes a Suzano (27/02), o MST a Fazenda Limoeiro, abandonado há 15 anos, localizado no município de Jacobina/BA. E na madrugada da última quarta-feira (01/03), cerca de 120 Mulheres Sem Terra ocuparam a Fazenda Santa Maria, no município de Itaberaba/BA, na região da Chapada Diamantina.
Imprensa ataca e pressiona governo para condenar o MST e as ocupações
Logo após as ocupações, uma série de ataques começaram contra o MST e as ocupações de latifúndio realizado pelos órgãos de imprensa da burguesia e de parlamentares da direita. A venal Revista Veja, o golpista Estadão e a Folha de S.Paulo, Globo, CNN, Carla Zambelli e muitos outros começaram uma série de mentiras, calúnias e tentativas de pressionar o governo Lula a condenar as ações do MST em retomar a política de ocupações de latifúndio, produtivos ou não.
A revista Veja retomou uma entrevista do Ministro da Agricultura Carlos Fávaro em que diz que Lula não vai permitir invasões ilegais. “Lula não retirou o direito de propriedade de ninguém, não taxou as exportações, não vai compactuar com invasões ilegais e não vai impedir fazendeiro de ter uma arma”, disse o ministro a Veja.
O Estadão, um dos órgãos de imprensa que mais atacou o PT e Lula, chegou a aconselhar Lula a condenar as ocupações de terra. “O Brasil tem pressa de saber se Lula condenará, sem adversativas, as manobras do MST ou se passará a mão na cabeça dos arruaceiros, seja omitindo-se, seja apelando para justificativas que ofendem a inteligência alheia”, “Invasões do MST são casos de polícia, mas também de política. O País demanda que o presidente as condene como o que são: atentados contra o setor mais produtivo da economia”.
Uma das maiores latifundiárias do mundo
A Suzano Celulose e Papel é uma das maiores empresas detentoras de terra do Brasil e uma das maiores do mundo. Ao todo são mais de 2,25 milhões de hectares de terra somente no Brasil, fato que contribui para a concentração de terras e os conflitos que resultam deste enorme monopólio.
Só para se ter uma ideia, as terras sob domínio da Suzano Celulose e Papel somadas são maiores que o estado de Sergipe que possui 2,19 milhões de hectares.
As consequências para os trabalhadores e para a população que vive nas áreas de influência desse monopólio do agronegócio são incalculáveis. Essas empresas são responsáveis pela grilagem de terras em diversas regiões e atuam com extrema violência contra as comunidades tradicionais e trabalhadores sem-terra, exemplos são vistos no Extremo Sul da Bahia, Maranhão, São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais e Mato Grosso.
As ocupações como instrumento de luta e defesa das reivindicações
As ocupações de terras sempre foram o método de luta dos trabalhadores sem-terra e outras comunidades tradicionais como os índios e quilombolas. Ao contrário de reivindicações como defesa do meio ambiente e alimentos ‘saudáveis’ são pautas direta dos sem-terra e tendem a mobilizar uma grande quantidade de pessoas devido a concentração de terras, pobreza e, não realização de uma reforma agrária no país.
Nesse momento, a ocupação de terras é extremamente importante para a conquista material de uma parcela considerável da população do campo e também, da mobilização popular que faz a direita ‘tremer’ de medo.
A mobilização popular coloca em risco qualquer plano da burguesia e do latifúndio de dar um possível golpe no governo Lula ou de tentar controlá-lo, impedindo que as reivindicações dos trabalhadores, como reforma agrária, sejam atendidas e colocadas em prática. E ainda que essa enorme base combativa do MST, da FNL e de outros movimentos de luta pela terra, são defensores ferrenhos de Lula. E qualquer plano para atacar Lula pode terminar mal com essa mobilização.
É preciso denunciar os planos da direita golpista, dentro e fora do governo, para atacar o MST e as ocupações de terra. Elementos da esquerda que se beneficiam dos acordos com a direita estão criticando as ocupações e dizendo que não é o momento adequado, como do direitista Zeca do PT, deputado e ex-governador do Mato Grosso do Sul, que já condenou as ocupações realizadas no estado em que vive.
Ao contrário do que dizem, esse é o momento para mobilizar e ocupar latifúndios, considerados produtivos ou improdutivos, para pressionar o governo Lula e colocar uma política de reforma agrária e atendimento das reivindicações dos trabalhadores.
Todo apoio às ocupações de terra!
Todo apoio ao MST e aos trabalhadores do campo!