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Haddad questionado

A falsa questão do ‘antihaddadismo’

Não existe o “antihadaddismo”, existem os interesses da classe trabalhadora em choque com o da burguesia, e o ministro tem que deixar clara a sua posição

Fernando Haddad

Matéria de Luís Costa Pinto “Antihaddadismo é doença infantil do petismo”, publicada no Brasil247, desconsidera o fato de que o PT é um partido pressionado pela burguesia e também pela classe trabalhadora. Para ele O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem dado provas reiteradas de fidelidade a princípios caros ao presidente Lula.

O PT controla a CUT e, portanto, tem uma base operária. A pressão das massas o afeta diretamente. Se houver uma percepção popular de que o governo não está agindo de acordo, ou correspondendo aos interesses da classe trabalhadora, é natural que isso reflita dentro do partido. Não se pode dizer simplesmente que exista uma doença infantil, um ‘antihaddadismo’. Essa tensão não surge do nada, tem que ter uma base material.

É claro que existem setores, que a matéria trata de egressos da sigla ou de denominações partidárias mais à esquerda e até mesmo alguns analistas de canais da mídia digital independente se deixaram sequestrar por uma falsa divergência existente dentro da equipe do presidente Lula”, que fazem a crítica ao governo de forma a simplesmente inviabilizar o debate. Muitos grupos estão a ponto de gritar “Fora, Lula!” nas ruas, como fizeram contra Dilma, só lhes falta a devida coragem. No entanto, a crítica não pode ser vedada, principalmente se esta objetiva trazer o governo para a esquerda.

Haddad, ao que tudo indica, é um homem de confiança de Lula, por isso foi indicado para um cargo tão importante. Porém, a desconfiança da classe trabalhadora com ele não é gratuita. Em 2019, em uma entrevista ao Brasil247, o ministro se declarou como ‘centro-esquerda’, criticou o governo venezuelano. Em 2018, tuitou parabenizando Bolsonaro pela vitória e ainda desejou-lhe ‘boa sorte’. Mas, não é apenas seu passado que o “condena”, atualmente, tem recebido elogios da grande imprensa. Como o escreveu Eliane Cantanhêde no Estadão: “Se o ministro da Fazenda continuar a seguir o caminho da razão e contar com o apoio do presidente, a economia brasileira só terá a ganhar”.

Há um comportamento do ministro que o faz receber elogios da burguesia, e isso aparece no início da matéria que traz uma expressão que, apesar de ter sido dita como elogio, revela um problema de Fernando Haddad, que ele é “capaz de descalçar as meias sem tirar os sapatos”. Soa como se o ministro estivesse gerindo sua pasta em favor dos trabalhadores e, ao mesmo tempo, sem criar problemas com o mercado. No entanto, não é isso que se espera, basta ver como tem agido o presidente Lula, que já questionou o ‘mercado’, que está peitando o Banco Central ‘independente’, que discute o controle da Petrobrás etc. O ação política de Lula está naturalmente colocando Haddad à sua direita. O tratamento dado por Haddad ao preço dos combustíveis reforça essa percepção.

Herança maldita

Segundo o artigo, “o governo do presidente Lula tem um compromisso de instituir uma nova política de preços para os combustíveis no Brasil, pondo fim à paridade com os preços internacionais criada no período de Michel Temer e durante a vigência da cleptocracia golpista que se instalou no País na esteira do golpe de 2016, mas, isso não pode ser feito de uma vez e com menos de 60 dias de mandato”. Sim, é verdade, não se pode mudar nada instantaneamente, mas o que se espera é que se caminhe em determinada direção. Passos tímidos, vacilantes, serão alvo de críticas.

A tentativa de Haddad de reonerar os tributos sobre os combustíveis para que não tenha que tocar na política de preços da Petrobrás, o que beneficia os acionistas, é uma dessas tentativas suas de ‘descalçar as meias sem tirar os sapatos’. O que não pode dar certo e será questionado, como o foi, até pela presidenta do PT, Gleisi Hoffmann que declarou que “Antes de falar em retomar tributos sem combustíveis, é preciso definir uma nova política de preços para a Petrobrás. Isso será possível a partir de abril, quando o Conselho de Administração for renovado, com pessoas comprometidas com a reconstrução da empresa e de seu papel para o país”.

Os preços dos combustíveis são um ponto muito sensível no controle da inflação e no impulsionamento da economia. Não dá para agradar os dois lados de uma balança onde uma parte está literalmente roubando as riquezas do Brasil.

Preparado

Costa Pinto tenta defender Haddad elogiando-o, por exemplo a nomeação de duas mulheres para presidir os dois maiores bancos públicos de varejo. Claro que foi preciso dizer que “não estão lá por serem mulheres – mas, por terem sido competentes ao longo da biografia que construíram nas instituições financeiras”. Mas não podemos deixar de anotar que pode, sim, ter sido pressão do identitarismo sobre a pasta.

Não ajuda muito dizer que Haddad seja advogado, economista e filósofo, [que] tem um perfil muito acima da média dos antecessores que sentaram na cadeira onde hoje despacha o ministro da Fazenda. Longe de querer comparar ou ofender o atual ministro, não podemos nos deixar de referir a Fernando Henrique Cardoso, o “príncipe dos sociólogos”, um homem super ‘preparado’, intelectual da USP, PhD e que fez o que fez com a nossa economia, a despeito de estar tão ‘acima da média’.

Apesar de a matéria alertar que “nenhum petista deveria ser ingênuo a ponto de cair nesta doença infantil cujo vírus foi inoculado em Brasília, a do antihaddadismo”, é preciso insistir que não é disso que se trata, o problema são os interesses da classe trabalhadora se chocando com os da burguesia e Haddad tem que deixar muito claro de que lado está.

No Brasil, tudo é urgente, principalmente depois do golpe de 2016 e subsequentes governos Temer e Bolsonaro, que liquidaram postos de trabalho, direitos previdenciários, que colocaram nossas riquezas cada vez mais nas mãos de acionistas estrangeiros e dos bancos etc. A devastação causada pelos golpistas polarizou a política a tal ponto que a burguesia já declarou guerra ao governo, enquanto, do outro lado, existe uma classe trabalhadora que quer de volta seus direitos e não terá paciência por muito tempo, pois depositou neste governo muitas expectativas.

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