Estava em uma pequena sorveteria em uma famosa rua em Arraial d’ajuda, neste estabelecimento havia vários banquinhos com bandeiras de vários países como o Brasil, EUA, Portugal, Argentina e Israel. Quando vi o banco com a bandeira de Israel, comentei com a pessoa que estava comigo ao lado que não sentaria naquele banco, já que ele não existiria, assim como o Estado de Israel.
Não comentaremos a qualidade ou não do meu comentário, neste dia eu estava particularmente irritada com Israel, pois mais cedo tinha visto vários vídeos da situação na Palestina que me deixaram bastante revoltada. No pequeno estabelecimento havia um outro casal de senhores, e a senhora, ao ouvir o meu comentário se pronunciou para mim:
— Você não pode sair dizendo isso, pode chatear as pessoas.
Eu sem entender, fiz uma expressão facial de interrogação, pois ainda não havia entendido sobre o que eu não poderia falar.
— Isso mesmo, você não pode dizer que Israel não existe. Ano passado nós (ela e o marido, provavelmente) estivemos lá e Israel existe!
— Ah sim, Israel existe, bem sabe os Palestinos como Israel existe. E por enquanto, eu ainda posso fazer os comentários que eu quero, pelo menos por enquanto. — Respondi, quase mencionando a censura que existe nas redes contra as denúncia das atrocidades que o governo de Netanyahu, promove na faixa de Gaza. Mas não queria alongar nenhuma discussão e apenas sentei para aproveitar o meu sorvete em paz.
A senhora ficou muito irritada e saiu do locar resmungando que eu deveria saber o que aconteceu na Segunda Guerra Mundial, que eu era ignorante e deveria estudar.
Vejamos, uma situação o quanto desagradável em uma sorveteria, mas muito demonstrativa como agem os defensores de Israel. Enquanto, uma senhora fica irritada por ouvir um comentário contra o Estado que ela defende, outra senhora é fuzilada por um soldado israelense ao defender o território que ela reside contra a invasão genocida de Israel. Era inclusive, esse vídeo que me revoltará mais cedo, e após ocorrido na sorveteria, só conseguiu pensar na mulher morta a tiros enquanto estendia uma bandeira da Palestina em demonstração de resistência contra soldadores israelenses.
Desde esse dia, mais dezenas de Palestinos foram assassinados cruelmente pelo Exército de Israel, e mais uma centena gravemente ferida. Infelizmente, os palestinos não podem se dar o luxo de ficarem chateados, pois precisam enfrentar fortemente o genocídio que estão submetidos.
Izadora Dias
Izadora Dias é militante do Partido da Causa Operária em São Paulo, coordenadora do coletivo de mulheres Rosa Luxemburgo e integrante da secretaria de organização do PCO. É militante anti-imperialista e anti-identitária. É estudante da USP e, além de colunista do Diário Causa Operária, participa do programa matinal da Causa Operária TV, o Reunião de Pauta, às sextas-feiras.
Pelo fim do genocídio
Israel: enquanto uns se chateiam, outros são assassinados
Em recente passagem pela Bahia, em uma sorveteira, vivenciei uma situação que foi uma amostra de como pensa e age os defensores do Estado genocida de Israel
- Disposição de luta por parte dos palestinos
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- Foto: Reprodução
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