Israel lançou, na última quinta feira, mais uma onda de ataques a população palestina, matando 11 pessoas — incluindo um menino de 16 anos e homens de 72 e 68 anos — além de ferir outras 102 pessoas. O ataque ocorreu na cidade ocupada de Nablus, Cisjordânia. E foi recebida com terror pela população local.
“Mãe, isto é um bombardeio ou um terremoto?”
Esta foi a primeira pergunta feita pelas crianças de Amira al-Dreamly quando acordaram aterrorizadas pela manhã da última quinta-feira (23/02) ao som do bombardeio Israelense que ocorreu na Faixa de Gaza.
Com 36 anos de idade, a mãe de cinco filhos contou aos repórteres da Al Jazeera que o súbito ataque de Israel na quinta-feira ocorreu na sua vizinhança pela terceira semana consecutiva, causando angústia a ela e aos seus filhos, que acordavam aos prantos.
“Os meus filhos ainda sofrem com as cenas de terremotos na Turquia e na Síria há duas semanas, que foram sentidas pelos residentes de Gaza”, disse al-Dreamly.
“Tenho dificuldade em tranquilizá-los, especialmente porque os mísseis israelitas são concussivos e fazem a casa tremer fortemente”.
“Os nossos corações estão exaustos em Gaza. Vivemos nervosos, e não sabemos o que pode acontecer de um momento para o outro. Estamos à espera da guerra a todo momento”.
O contexto
Em 26 de janeiro, uma operação israelense no campo de refugiados de Jenin matou 10 palestinos, enquanto a ação de ontem em Nablus pelas forças israelenses foi mais letal, matando 11. A operação de janeiro tinha por objetivo a busca e prisão de palestinos procurados pelo Estado israelense. As forças de resistência palestina lançaram um ataque retaliatório contra o território ocupado da Cisjordânia, disparando (de acordo com a mídia israelense) 6 mísseis. A operação da última quinta-feira (23 de fevereiro), foi pensada como uma retaliação a ousadia da resistência palestina. Com bombardeios desproporcionais a campos de refugiados palestinos, cheios de civis.
Ao que parece, o Estado israelence não se preocupa em esconder o caráter genocida de sua política, atacando alvos civis com o claro objetivo de limpar étnicamente a região da palestina, utilizando qualquer oportunidade disponível para atacar alvos civis. As matérias lançadas anteriormente pelo DCO, ajudam a contextualizar a escalada de violência que já tornou o ano de 2023 o mais sangrento para os palestinos desde o ano 2000.
- Israel extermina palestinos como se fossem moscas;
- A história dos 231 palestinos mortos por Israel em 2022;
- Mais um menor palestino morto por Israel, somam 12 esse ano.
A greve
Após a escalada, uma greve geral foi convocada por diversas organizações palestinas, “foi estendida hoje para condenar o massacre cometido pelas forças de ocupação israelenses”, disse em Nablus a agência oficial de notícias palestina Wafa, no mesmo dia do massacre, 23 de fevereiro. “Escolas, universidades, bancos e lojas foram fechados”, assim como o transporte público, devido aos assassinatos de quinta-feira na cidade de Nablus, no norte da Cisjordânia.
Em resposta ao bombardeio Israelense, o porta-voz do Hamas, Hazem Qassem, disse à imprensa:
A escalada do conflito
O que a situação política na palestina indica é a escalada dos conflitos. O novo governo liderado por Benjamin Netanyahu lança uma ofensiva política e militar contra os palestinos, em especial na Cisjordânia. A atual autoridade palestina não possui a capacidade que um Estado-nacional dispõe para realizar a guerra. As batalhas, por tanto, são marcadamente desproporcionais, levando ao morticínio palestino que luta contra o posto avançado do imperialismo no Oriente Médio.
Notadamente, vemos de maneira conjunta, uma escalada israelense e uma renovada disposição de luta por parte dos palestinos, que se lançam em uma guerra irregular e muito desfavorável. É impossível não associar esse novo ânimo com as derrotas sofridas pelo imperialismo no cenário internacional. Desde a retirada forçada das tropas estadunidenses do Afeganistão; passando pela resistência síria e venezuelana as tentativas de mudança de regime; pelos avanços no desenvolvimento de urânio enriquecido no Irã; pelo papel cada vez mais ativo da China e pelo o avanço russo contra o cerco da OTAN; todos esses fatores indicam um enfraquecimento acentuado da capacidade imperialista em escala global.
Na luta pela libertação nacional palestina, somam-se diversos grupos. Desde o islamismo do Hamas, até os nacionalistas de esquerda da Frente Popular para a Libertação da Palestina; não estando livres de conflitos fraticídas, há unidade na luta contra o imperialismo e sua expressão na região: o Estado de Israel.