Nos últimos dias, a imprensa burguesa se espantou com a possibilidade de o presidente Lula estrear um podcast semanal em um canal próprio nas redes sociais. Portais como Estadão e O Globo demonstraram sua insatisfação com a iniciativa que põe em xeque o monopólio da opinião política nos meios de comunicação. Houve até quem se diz da imprensa progressista fazendo coro à esdrúxula ideia de que um presidente eleito pelo voto popular se comunicar diretamente com a população seria “autoritarismo”.
A iniciativa de um programa semanal para falar com o povo sequer foi confirmada pelo governo oficialmente e já põe medo naqueles que não querem que a população tenha acesso pleno à informação. Não é nenhuma novidade que a imprensa burguesa serve aos interesses contrários aos dos trabalhadores e por meio da comunicação criaram um verdadeiro monopólio da informação.
Um programa semanal onde o presidente possa se comunicar diretamente com sua base inevitavelmente enfraquece esse monopólio, é um golpe na imprensa tradicional, que já não anda tão bem das pernas. Um maior acesso à informação dificultará a manipulação da opinião pública por parte dessas empresas.
O podcast do Lula deve, sim, ser implementado, é um acerto do governo que precisa falar diretamente com os trabalhadores sem a interferência da imprensa golpista que tenta a todo custo pressionar o petista para se manter afastado da base e de seus interesses, bem como colocar o povo contra o presidente com intensa propaganda.
Lula, na verdade, deve ir além, um podcast semanal nas redes sociais mexe com os golpistas, mas muito mais pode ser feito, a começar com a transmissão do programa não apenas nas redes, como também na TV aberta e nas rádios. Mais ainda, deve usar os canais governamentais para propaganda dos programas de governo, algo interativo, que interesse e chame a atenção para a política, diferentemente do formato burocrático e frio que temos visto nos canais do Estado que não têm nada a ver com a população.
Esse tipo de iniciativa não tem nada de autoritáro, já foi acertadamente utilizado por vários líderes populares que, obviamente, são atacados pela imprensa pró-imperialista: Hugo Chávez, por exemplo, criou um programa logo que assumiu o governo, apresentando cada edição semanal em uma região do país,tinha um público no auditório e o povo ligava fazendo perguntas e opinando; o programa fez muito sucesso, durou até a morte do Chávez. Maduro aderiu à ideia e também criou um programa parecido.
Diosdado Cabello, número dois do chavismo, também tem um programa semanal. Lopez Obrador, logo quando assumiu o governo do México fez algo parecido, uma coletiva de imprensa diária transmitida em seus canais na internet e na TV do governo. Até Bolsonaro seguiu por esse caminho, com sua live diária, embora pudesse ter se utilizado dos canais públicos. O ponto comum desses exemplos é foram rejeitados pelos grandes meios de comunicação, não tiveram espaço na imprensa, ao contrário da direita tradicional.
O que vai ser feito por Lula com o podcast semanal é parecido com as iniciativas apontadas acima, mas ainda deixa a desejar, tendo em vista, sobretudo, a popularidade do presidente e o tamanho da perseguição que sempre sofreu pela imprensa burguesa. Lula deveria transmitir um podcast diário em todas as TVs do governo, e sabendo da importância de travar a luta de ideias com a direita deveria democratizar os meios de comunicação, dar concessões de sinal de TV e rádio para a imprensa alternativa, existem vário canais independentes; além de aumentar a rede de TVs e rádios comunitárias, dar concessões para as universidades públicas, sindicatos e movimentos populares. Isso tudo estaria facilmente ao alcance do presidente.
Sendo ainda mais coerente com a política de democratização e coletivização dos meios de comunicação, deve ser discutido seriamente e aplicado o e fim da concessão aos monopólios da imprensa que atacam o povo, mentem e manipulam em favor da burguesia, desde Globo, Record, Band, SBT, etc. Se o intuito é atacar o povo como essa imprensa faz, não deve então ser permitido em um governo popular que esses monopólios existam, a imprensa deve ser feita pelos trabalhadores de acordo com os seus interesses.
A simples existência de monopólios é antidemocrática. O direito de se comunicar tem ficado nas mãos de meia dúzia de famílias super ricas que veiculam apenas as informações que atendam aos seus interesses. Não pode haver democracia sem um verdadeira acesso da população aos meios de comunição.