O poeta chileno Pablo Neruda foi morto em decorrência do agravamento de um câncer de próstata. Sua doença, que já era pública, evoluiu para óbito, deixando nas memórias de um país e do mundo um dos maiores poetas que o século passado viu. Ou, pelo menos, foi isso que foi divulgado na época.
As autoridades da época que deram o laudo acima foram nomeadas para o cargo pouquíssimo tempo antes, direto pelo imperialismo, em decorrência do golpe de Estado que derrubou o presidente Salvador Allende. A ditadura militar que se sucedeu no Chile, com apoio financeiro, bélico e político irrestrito dos Estados Unidos, voltou a ser alvo quando novos documentos e testemunhas vão contra o que foi dito lá atrás pelas suas autoridades sanitárias.
Anos atrás, Manuel Araya, assessor do poeta, deu depoimentos de que o laudo era mentiroso, pois Neruda tinha obtido ciência do golpe que havia sido dado e ia, dias depois, viajar para o México e revelar a todos o que estava acontecendo. Nesse meio tempo, no entanto, ele fez exames em clínicas, pois realmente sofria de um câncer de próstata que vinha sendo acompanhado. Uma das clínicas era a Clínica Santa Maria, no Chile, onde a polícia de Pinochet prendeu o poeta, alegando questões de saúde, e declarou, no dia seguinte, que ele havia sofrido uma piora repentina em seu quadro, possuindo uma febre irreversível e que o levou a óbito.
Em 2016 o caso foi reaberto, depois de uma longa disputa judicial, graças ao depoimento de Araya, que conseguiu fazer com que o corpo fosse retirado para ser exumado novamente. A suspeita é envenenamento, sobretudo acerca do nome de um famoso químico das ditaduras sul-americanas que o imperialismo financiou: Eugenio Berríos. O cientista é o principal acusado de ter envenenado o poeta chileno, assim como Montalva, ex-presidente chileno, e João Goulart, ex-presidente brasileiro; ambos alvos da Operação Condor norte-americana. Berríos, no entanto, foi assassinado em 1995, como uma forma de queimar arquivo por parte do imperialismo.
Os imperialistas não devem lealdade nem aos seus funcionários, como foi o caso de Berríos, sendo uma máquina de moer gente para financiar seus próprios objetivos – custe o que custar. Pablo Neruda era o principal poeta chileno, orgulho de sua população, e referência para todo o mundo. Assim como faz com toda a classe trabalhadora, as ditaduras promovidas pelos Estados Unidos foram e são uma máquina de moer, também, o desenvolvimento cultural e artístico dos países nos quais domina. O assassinato de Neruda, apesar de revoltante, não é caso isolado; é modus operandi imperialista.