Em fevereiro (14) houve nova alta nos preços na Argentina de 6% que leva a inflação acumulada no ano para 98,9%. Em dezembro estava em 5,1% e acumulado de 94,8%. O governo continua na tentativa de negociação de congelamento de preços com produtores e supermercados, como verificado nos últimos meses. A taxa prevista até o final de fevereiro é de 6,5%.
“As variações causadas pela imposição do controle de preços tornaram as previsões muito imprecisas”, disse o economista-chefe da Orlando J. Ferreres & Asociados, Nicolás Alonzo. “Um aumento de 26% no preço da carne foi anunciado na última semana do mês. E, separadamente da taxa nacional, a região de Buenos Aires teve inflação de 7,3% no mês. Isso nos leva a crer que a taxa anunciada ainda não reflita a inflação real”, disse, em entrevista à Bloomberg.
“A inflação continua quente e generalizada, e as medidas de política atuais baixas taxas de juros reais, controle de preços e uma moeda supervalorizada não estão funcionando para domar as pressões de preços”, disse a economista Adriana Dupita. “Esperamos que a inflação fique em torno dos 100% durante a maior parte do ano”.
O governo Alberto Fernández segue a cartilha neoliberal do FMI (Fundo Monetário Internacional) imposta pelo imperialismo americano, que já mostrou não ser boa para os trabalhadores, e coloca o governo refém da burguesia imperialista que é a única que enriquece no país. No Brasil, a burguesia financeira se assanha na mesma direção arrastando consigo os outros setores da burguesia no sentido de manter os lucros altos.
Na Argentina, o FMI estabeleceu o limite de 60% como meta para a inflação, liberando US$ 44,5 bilhões de créditos ao país, o que resulta em um aumento da dívida, caso não seja cumprida a meta, o que, na verdade, é o alvo da burguesia financeira americana que controla o Fundo.
Lautarpo Mosquet, economista da Fundación Libertad y Progreso, de Buenos Aires, disse que “o problema não está apenas nas gôndolas dos supermercados”, pois os congelamentos de preços não reduzem a inflação. “A questão-chave está na desvalorização constante da moeda argentina causada pela desconfiança dos investidores”. E completou: “No momento, não há razões teóricas para pensar que a inflação vá cair e as incertezas de um ano eleitoral devem piorar a situação”.
O que se analisa é que a burguesia, à qual o atual governo se submeteu em acordos, segue manipulando na direção de um novo governo neoliberal ou uma total rendição do atual governo à política imperialista. É preciso criar um clima de desastre para que se esqueça do grande fiasco que foi o governo neoliberal de Macri, totalmente alinhado à política imperialista financeira.
O quadro político argentino corrobora o que este Diário vem dizendo desde o período da campanha eleitoral do presidente Lula. A saída é a organização de mobilizações populares com o apoio de todos os setores de esquerda e uma ampla união desses setores sem participação da burguesia ou qualquer setor ligado a ela.
Em abril, nos dias 21, 22 e 23, em São Paulo, ocorrerá a III Conferência Nacional dos Comitês de Luta. Um momento importante para se debater essas questões e colocar em marcha a classe trabalhadora, a única força capaz de vencer a burguesia.