Assim como o reajuste da tabela do imposto de renda (IRPF) tímida e até mesmo inócua sob o ponto de vista de compensar uma defasagem de quase 150% acumulados desde a primeira gestão de Fernando Henrique Cardoso, em 1996, o novo salário mínimo anunciado pelo governo de irrisórios 20 reais não consegue assegurar as péssimas condições de renda comparadas à carestia desde o golpe de 2016.
A CUT (Central Única dos Trabalhadores) divulgou nota nesta quinta-feira (16) criticando o valor do salário mínimo anunciado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Sérgio Nobre, presidente da Central disse que “Não iremos nos contentar com a proposta atual nem aplaudir quem nos está lesando”. Lula definiu que o valor do salário-mínimo passará dos atuais R$ 1.302 para R$ 1.320. A intenção é que o novo aumento coincida com o Dia do Trabalhador, comemorado em 1º de Maio”.
De acordo com a nota da CUT, e da posição deste Diário sobre o tema, consideramos que o arrocho salarial implementado pelo golpe de 2016 e toda a destruição neoliberal causada pelos golpistas nesses últimos sete anos, não pode sequer apaziguar minimamente as dificuldades e a fome do povo, vilipendiado pelas doutrinas econômicas colocadas em prática pelo imperialismo e pelos lobistas do mercado financeiro no interior do Banco Central e do Congresso Nacional pela ação dos parlamentares, e demais grupos de pressão da burguesia rentista nacional e outros setores da classe dominante.
Segundo Sérgio Nobre, esse valor deveria ser de R$ 1382,71 a partir do dia primeiro de maio. Apesar da crítica ao baixo aumento do salário-mínimo, o líder cutista apresenta um valor ainda muito abaixo das necessidades da população brasileira, esmagada sob os ditames da política reacionária e coercitiva que atende às necessidades dos Estados Unidos e seus consortes europeus e demais parceiros estratégicos da globalização econômica e financeira desenfreada em plena crise causada pelo conflito na Ucrânia.
Alguns eleitores poderiam questionar a relação existente entre o imperialismo e os baixos salários mínimos acordados no governo Lula, mas é importante explicar e destacar: o imperialismo, em conluio com a burguesia nacional, acordaram de maneira ainda mais feroz a pilhagem estatal para superexplorar ainda mais a classe trabalhadora , principalmente dos países atrasados como o Brasil. Resolveram desde o golpe acelerar uma série de medidas que fizeram com que as leis trabalhistas atuassem negativamente contra a classe trabalhadora, assim como a reforma da Previdência e o arrocho salarial intenso.
Como o mercado financeiro está sendo ainda mais favorecido com juros elevados, a dívida pública aumenta explosivamente, impondo um ajuste fiscal ainda mais rigoroso por parte dos governos neoliberais. Isso acaba por retirar, cada vez mais, fatias orçamentárias do Tesouro Nacional que deveriam servir para as políticas sociais e de investimentos na infraestrutura do País, gerando emprego e renda para a população.
Com o orçamento cada vez mais apertado pela exigência do pagamento de juros extorsivos aos banqueiros e especuladores, a política do aumento do salário-mínimo e dos servidores públicos em geral está restrita as receitas orçamentárias cada vez mais reduzidas, devido ao aumento constante da dívida pública, e, portanto da necessidade de pagar maiores valores de juros a esses mega especuladores nacionais e internacionais.
O governo Lula está amarrado e coagido pelos banqueiros e demais rentistas da dívida pública, que exigem o cumprimento das metas fiscais, por meio dos porta-vozes do “mercado”, que são “coincidentemente” os meios de comunicação de massa monopolistas, em nome das famílias históricas da classe dominante; e que asseguram a pressão política por intermédio desse aparato da imprensa burguesa. Uma intensa mobilização se faz urgente e necessária para romper com essa política de paralisia do crescimento econômico e do desenvolvimento da soberania nacional, tendo o povo como protagonista, principalmente no momento em que as condições de vida devem ser garantidas por um aumento real de salário-mínimo, condizente com as necessidades das famílias pobres brasileiras, que necessitariam de um salário de cerca de R$ 7 mil (DIEESE), para uma família de quatro pessoas e que possam viver dignamente no país.