Nesta terça-feira (15), o deputado federal Washington Quaquá (PT-RJ), vice-presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, publicou uma foto com o deputado bolsonarista Eduardo Pazuello (PL-RJ), ex-ministro da Saúde do governo de Jair Bolsonaro e um dos mais criticados ministros durante a pandemia, conhecido pelo seu expresso apoio à política genocida do governo.
Em sua publicação, Quaquá afirmou que “Resolvi postar a foto nossa mesmo sabendo que intolerantes da direita e da esquerda vão criticar! A tarefa do governo Lula e da figura maior do nosso presidente é unir, pacificar e reconstruir o nosso país!”. Em tom de defesa da frente ampla, uma política sempre apoiada pelo deputado, e nesse caso uma “frente amplíssima”, o petista decidiu fazer campanha em aliança com qualquer coisa, até mesmo com bolsonaristas.
“A democracia e a política são feitas de pontes, não de dinamites. A dinamite é um artefato da guerra. O diálogo é um artefato da democracia”, afirmou Quaquá à revista CartaCapital.
Como se não bastasse a publicação, o deputado ainda falou em criar “pontes” com militares, falou em tom “civilizado” do general bolsonarista e ainda descreveu a aliança como um “viva a democracia”.
Como era de se esperar, o vice-presidente do PT recebeu inúmeras críticas da própria militância petista. O fato de posar ao lado de uma das mais famosas figuras do governo Bolsonaro, ligada diretamente ao genocídio na pandemia, rendeu reclamações o suficiente para o deputado fazer uma nova postagem, agora em vídeo. No entanto, no lugar de se explicar, Quaquá reforçou sua política de “pontes com o bolsonarismo” e acusou inclusive os críticos de serem “esquerdistas”.
Em seu vídeo Quaquá promoveu um verdadeiro malabarismo político. Primeiro, afirmou ser contra a perseguição judicial sem provas e que é preciso defender o direito dos diferentes, até ai uma posição democrática – apesar do mesmo concordar com a ação do STF -, porém, isso nada tinha a ver com as críticas. Depois, Quaquá decidiu citar Rosa Luxemburgo e, é claro, o tão famoso quanto incompreendido livro de Lênin “esquerdismo, doença infantil do comunismo” para defender sua política de aliança com a extrema-direita. O deputado acusou de “esquerdismo” aqueles que não aceitaram a aliança com o general, um representante da ala golpista.
Para finalizar, o vice-presidente do PT afirmou ainda que os críticos eram stalinistas, fascistas e até mesmo nazistas (!) por criticarem a negociação com bolsonaristas. O que não fica claro é, se o bolsonarismo representa o fascismo, e que devemos lutar contra os fascistas, por que o democrático, na verdade, seria fazer aliança com a extrema-direita e quem critica a aliança é, na realidade,…fascista?
Toda a bizarra explicação de Quaquá apenas serve para revelar o oportunismo do deputado, que, apesar de se colocar como um grande agente do governo Lula, está fazendo é facilitando a vida dos principais inimigos do governo eleito. Os generais, como Pazuello, são os principais organizadores da política de sabotagem ao governo Lula, sendo eles os que orquestraram a manifestação em Brasília no dia 8 de janeiro. A aliança com o bolsonarismo, nada contribui ao governo de Lula, em primeiro lugar ajuda a propagar uma campanha contra o próprio governo, afinal, os bolsonaristas não querem Lula e aqueles que votaram no petista não querem bolsonaristas. Além disso, a frente ampla já demonstrou, seja com a direita dita “democrática”, ou próprios bolsonaristas, que é algo inviável, uma forma de apenas ajudar a reciclar o lixo político e colocar os lobos no cercado das ovelhas.
É preciso barrar essa política direitista no interior do governo, ainda mais quando se trata do vice-presidente do PT. Na prática, isto é um ataque contra o próprio Lula e precisa ser duramente criticado. Se depender de Quaquá, até bolsonarista fará parte do novo governo.