A CEITEC S.A. (Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada) é uma empresa pública brasileira vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) que atua no segmento de semicondutores. A empresa projeta, fabrica e comercializa circuitos integrados para aplicações em identificação de animais, medicamentos, pessoas, veículos, controle de ativos entre outras.
A empresa estatal é a única fabricante de chips e semicondutores da América Latina, portanto, desempenha um papel estratégico no desenvolvimento da indústria microeletrônica do país. A empresa é sediada em Porto Alegre e podemos afirmar que a esmagadora maioria da população brasileira nunca ouviu nada a respeito dessa verdadeira “galinha dos ovos de ouro” do desenvolvimento nacional, assim como poucas pessoas ouviram algo sobre a Engesa (Engenheiros Especializados S.A.) dos ramos petrolíferos e posteriormente automobilístico e bélico. Essa última notabilizou-se durante as décadas de 1970 e 80 pela produção de milhares de veículos militares, exportados para mais de uma dezena de países; muitos desses ainda utilizam desses veículos em conflitos ao redor do mundo. A Engesa faliu no início da década de 1990, assim como outras empresas nacionais e demais instituições abandonadas estrategicamente pelos ditames do imperialismo em conluio com a burguesia nacional golpista, oportunista e entreguista do patrimônio do povo.
O caso da CEITEC, assim como de outras grandes empresas estatais privatizadas ou na mira das privatizações, remete as exigências da globalização econômica e financeira neoliberal da denominada “Era dos Fernandos” com Collor e Fernando Henrique Cardoso, que agiram como serviçais da burguesia estrangeira comandadas por Washington. Recentemente, Bolsonaro, como fiel escudeiro dos “barões das finanças” acionárias especulativas, resolveu liquidar mais uma das nossas empresas estratégicas e impulsionar a saga dos gananciosos entreguistas e vampiros das riquezas do povo. Com a chegada do presidente Lula ao Palácio do Planalto o mesmo criou uma comissão interministerial para reverter a liquidação de mais essa “galinha de ovos de ouro” da indústria estratégica nacional pertencente a sociedade brasileira.
A retomada dessa empresa pública estratégica foi recomendada pela equipe de transição do governo Lula, apesar da liquidação estar em curso, travada por decisões judiciais que procuram bloquear a transação. A equipe interministerial foi convocada a trabalhar em estudos que procurem explicar de maneira comprobatória a importância de recuperar essa grande empresa estratégica. O grupo interministerial é composto por representantes do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Advocacia Geral da União, Casa Civil da Presidência da República, Ministério da Fazenda, Ministério do Desenvolvimento da Indústria, Comércio e Serviços e também do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos. A mesma Ceitec foi criada na segunda gestão do presidente Lula no ano de 2008, e agora, 15 anos depois, uma comissão foi instituída, justamente para tratar da elaboração de estudos e de um plano de reestatização, que apresente em 120 dias um relatório, comandado pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Informação.
As questões que envolvem uma recuperação judicial ou quaisquer vias institucionais não podem substituir a luta política nas ruas para exigir de imediato a reestatização da CEITEC, da Eletrobrás, da revogação urgente da lei reacionária que garante a independência do Banco Central, da exigência do controle total da Petrobrás e demais empresas estratégicas e instituições que estão em poder da classe dominante; que à revelia do governo popular e do povo querem comandar a economia nacional, com o objetivo de garantir os lucros dos capitalistas e o domínio do imperialismo.