De acordo com a ESPN, o técnico do Real Madrid, Carlo Ancelotti, aceitou a proposta da CBF e comandará a Seleção Brasileira pelos próximos três anos, até o final da Copa do Mundo de 2026. O contrato se iniciaria em julho de 2023 e as partes teriam combinado, verbalmente, não anunciar nada até este momento.
Caso se confirme o acordo, será um duro golpe ao futebol brasileiro. O técnico italiano desconhece completamente o plantel canarinho, nunca treinou qualquer equipe sul-americana e, para piorar, sua seleção nacional ficou de fora das duas últimas copas seguidas, sendo uma nulidade no futebol mundial depois 2006, quando venceu.
Ou seja, se a informação apresentada pela ESPN for correta e for mantida, a Seleção Brasileira terá à frente um técnico totalmente despreparado no seu comando. Toda a festa feita pela imprensa burguesa em torno desse anúncio deve-se, unicamente, ao fato de ele não ser brasileiro; ou seja, para que o futebol brasileiro pudesse reconquistar uma Copa do Mundo qualquer um poderia treinar a Seleção, menos um brasileiro.
Evidentemente, é uma campanha impulsionada pelo imperialismo contra o futebol nacional. A escolha de Ancelotti como técnico cumpre dois papéis de destaque para o capital financeiro em sua luta contra a cultura popular brasileira: em primeiro lugar, por se tratar de um técnico pouco experiente em matéria de Seleção e de futebol sul-americano, tende a ter um desempenho muito ruim, levando o Brasil a fracassos esportivos; o outro papel é o de desmoralizar a equipe, com um estrangeiro no comando.
Ao ter na liderança extracampo não só um estrangeiro, mas de um país que, dentro das quatro linhas, dividiu muita rivalidade contra os brasileiros, desmoraliza-se completamente a Seleção. Outro nome citado, além de Ancelotti, como hipótese foi o de Zinedine Zidane, que eliminou o Brasil de duas copas: tal seria um efeito moral muito negativo para o futebol brasileiro de conjunto.
Ou seja, na medida em que o imperialismo procura afastar a torcida dos estádios e retirar do futebol seu caráter popular e que é no Brasil que se concentra a maior paixão da classe operária pelo esporte, é totalmente lógico que o grande capital force a CBF a contratar um técnico medíocre, cuja única “qualidade” é não ser de um país tropical.
Além disso, há a sempre fétida imprensa esportiva – uma dos mais podres setores do jornalismo que existem – e sua campanha pró-imperialista. Acompanhada da defesa de Ancelotti como técnico, de maneira necessária, defenderam a adoção de um jeito europeu de jogar – afinal, teria sido o que deu certo nas últimas copas, ao estilo da declaração do Mbappé.
Fato é que as cinco copas do Brasil não foram conquistadas com nenhuma adaptação ao jeito europeu, ao futebol “objetivo”, duro, faltoso e violento. Nem do futebol “tático”, semimorto, sem criatividade. Foram conquistas do futebol arte; e há no Brasil técnicos que defendem da maneira mais firme possível esse estilo, que dão liberdade para seus jogadores e que não usam seus esquemas táticos correntes. Bem dizer, os esquemas táticos firmes da maneira que são só funcionam para os europeus pela falta de habilidade de seus jogadores; no Brasil, a realidade social é diferente, os jogadores têm outra psicologia, são melhores tecnicamente. Não adianta tentar implementar um modelo europeu, com um técnico europeu: isso é óbvio para qualquer um que não tenha sido fisgado pelo aparato de propaganda do imperialismo.