A derrota do Flamengo contra o clube saudita Al Hilal nas semifinais do Mundiais de Clubes da FIFA na última terça-feira, 7, está sendo usada para atacar o futebol brasileiro. Assim que acabou a partida, que terminou 3 a 2 para o time saudita, jornalistas babaram nas emissoras de televisão e nas redes sociais que o futebol brasileiro estaria decadente. No entanto, isso não passa de propaganda política.
Alguns jornalistas afirmaram: “o futebol brasileiro está atrasado tanto do ponto de vista dos clubes quanto da Seleção”. Outros disseram que “o Brasil precisa modernizar o seu futebol”, deixando a entender que deveríamos imitar o futebol “europeu”. Alguns “intelectuais”, os ditos “entendidos”, alegaram que, por este motivo (a suposta decadência do futebol brasileiro), não assistiam mais o campeonato nacional — ou seja, apenas assistiriam as competições estrangeiras.
Estes — mesmo sabendo que o grande responsável pela eliminação do Flamengo foi o técnico português Vitor Pereira, que destruiu o bom trabalho de Dorival Júnior — colocam a culpa no futebol brasileiro. Na realidade, a verdadeira explicação está na infiltração do futebol europeu no Brasil. Mas, como tal infiltração é do interesse do grande capital imperialista, este problema foi deixado de lado.
Mesmo assim, o argumento de que o futebol brasileiro está decadente é falacioso. Nas Copas do Mundo, o Brasil é o único país que chegou a todas as quartas-de-final desde a Copa de 1990. É a única Seleção que participou de todas as Copas do Mundo. Caiu apenas duas vezes na fase de grupos: na primeira, em 1930, quando apenas um país se classificava em seu determinado grupo — diante de um racha entre Rio de Janeiro e São Paulo; e, em 1966, após os brasileiros serem bicampeões e o “apito amigo” favorecer a porradaria europeia para lesionar nossos jogadores. Nenhuma outra Seleção do mundo tem esses números.
Sobre o Brasil precisar “modernizar” seu futebol, comparando-o à Europa, outra falácia. Primeiro, os melhores jogadores da Europa são brasileiros. Tanto é que os jogadores brasileiros são os que mais marcaram na principal competição europeia, a Liga dos Campões (Champions League). Segundo, tirando esta competição, o resto das competições europeias são uma farsa. Na Espanha, apenas Real Madrid e Barcelona disputam. Na França, apenas o PSG. Na Alemanha, só dá Bayern de Munique. E assim por diante. Todos os outros times que não fazem parte da elite de suas competições nacionais não têm nível para jogar a Série B do Campeonato Brasileiro — que, por este motivo, é a competição mais difícil do mundo. Na Europa, a exceção é a Premier League, da Inglaterra, onde foi montado um esquema para que todos os times tenham recursos para contratar os melhores jogadores do mundo.
Dito isto, o que seriam destes times europeus sem os jogadores brasileiros? Times medíocres, comuns. Se houvesse política de Estado para manter esses jogadores no Brasil, seria raro o futebol brasileiro não conquistar mundiais todos os anos.
Em outros termos, o futebol brasileiro continua sendo o melhor do mundo e, mesmo com a evasão massiva de jogadores (o Brasil é o país que mais exporta), o Campeonato Brasileiro continua sendo o melhor e mais difícil do mundo.