A equiparação do racismo à injúria racial é uma das principais reivindicações dos setores identitários da esquerda nacional. Segundo estes setores, é necessário criminalizar qualquer fala que possa ser considerada prejudicial, de alguma maneira, a uma pessoa negra.
No entanto, a chamada “injúria racial”, que seria um crime contra a honra, é algo extremamente vazio, afinal se baseia em literalmente colocações de indivíduos e na interpretação de quem o irá julgar. Estes problemas fazem da lei algo extremamente abstrato, e por tanto arbitrário. Com base nela, se o juiz decidir que uma palavra, uma frase, uma piada, uma música ou qualquer coisa do gênero for uma injúria racial, o indivíduo pode ter sua pena aumentada, ou até mesmo ser preso só por falar, podendo pegar até cinco anos de prisão, uma pena que pode ser aumentada caso o individuo use essa “injuria” no intuito de divertimento ou recreação. Ou seja, se você fizer uma piada, que “reforça o racismo”, sua pena pode aumentar ainda mais mesmo não causando danos a nenhum indivíduo.
Essa é claramente uma política reacionária, que não trará nenhuma contribuição para a luta do povo negro. Na prática, servirá para jogar o máximo de pessoas na cadeia, atingindo justamente a população pobre. As prisões brasileiras funcionam como verdadeiros campos de concentração, porém com a questão do encarceramento em massa, com a situação dos presídios, o aumento das leis de tipos repressivas apenas servirão para piorar esta situação. Além disso, quem irá sofrer em maior número com este problema é justamente a população negra, maioria nos presídios brasileiros.
Esta política “anti-racista” da esquerda pequeno-burguesa é na realidade uma política direitista que trabalha ao lado dos interesses da burguesia, da repressão. Sancionar mais e mais leis, que vise o encarceramento da população, que em sua maioria é pobre e negra, com a ideia totalmente deturpada de que essa sim, é a melhor maneira de acabar com o racismo, com mais leis e mais repressão, é um ataque aos próprios trabalhadores.
Nesse sentido, o programa Tição, ligado ao coletivo de negros João Cândido, debateu este problema. Assista:
https://www.youtube.com/watch?v=ptQK5okpKCU e acompanhando o programa pela causa operaria TV livre.