A propaganda imperialista tenta reduzir o futebol a um conjunto de sistemas e esquemas. O objetivo dessa ideia é retirar do futebol seu caráter artístico e enquadrá-lo em normas burocráticas a fim de facilitar o domínio político e econômico num esporte que movimenta muito dinheiro no mundo inteiro.
Essa ideia de sistemas e esquemas táticos rígidos não é válida para nenhum tipo de atividade humana, ou seja, a ideia de que se pode ter um sistema que resolverá todos os problemas. Um pintor, por exemplo, pode frequentar a academia de belas-artes por muito tempo, pode aprender todas as regras e técnicas do desenho e das cores, ele, porém nunca será um grande artista se contar apenas com essas normas. Há algo de espontâneo, de emocional na arte que não se aprende na academia.
Nesse sentido, a ideia que se propaga na imprensa capitalista de que o futebol europeu é caracterizado pelos sistemas rígidos contra um futebol brasileiro que seria improvisador, até mesmo indisciplinado, é totalmente falsa. Não é nem mesmo rígido falar de “futebol europeu” a não ser apenas no sentido restrito de um futebol jogado na Europa. Embora, até mesmo nesse sentido, é preciso lembrar que os campos europeus estão dominados por jogadores de outros países e descendentes de imigrantes.
Se o futebol fosse um mero problema de sistemas e de esquemas, poderíamos substituir os jogadores por computadores. Seria uma atividade medíocre, sem graça, e sem nenhum apelo emocional.
O esquema no futebol, ou seja, determinações prévias de como a pessoa vai realizar cada um dos fundamentos, a marcação, o ataque, quem vai subir, quem vai recuar etc, é um aspecto superficial do jogo. É um futebol inferior, feito para jogadores medíocres que só conseguem jogar num determinado sistema.
Esse já é uma pré-história do futebol, é uma ruína que sobrevive de uma época antiga, em que o futebol não era nada mais do que um mero jogo.
O futebol moderno é o futebol brasileiro, o futebol arte, que de tão complexo não se enquadra num sistema rígido. Se existe algum sistema, ele é meramente um instrumento para que os jogadores possam executar a sua criatividade. Voltando ao exemplo das artes plásticas, o pintor pode ser um mero reprodutor de regras, mas apenas a sua capacidade criativa, de improvisação, de inovação etc poderá transformá-lo num grande artista.