Neste último dia 2 de fevereiro, o jornal O Globo publicou uma matéria intitulada “Força da oposição no Congresso será positiva para o país”, onde demonstra sua política golpista e abre as portas de vez para o bolsonarismo, dando boas-vindas à oposição de Lula no Congresso Nacional e deixando a máscara de progressismo cair.
A matéria se inicia com um subtítulo que diz “mesmo com vitória dos candidatos governistas na Câmara e no Senado, contraponto é essencial à democracia” e segue afirmando que “os nomes apoiados pelo Palácio do Planalto foram escolhidos ontem para comandar as duas Casas do Congresso, mas o resultado da eleição no Senado serviu para demonstrar que a oposição ao governo do petista Luiz Inácio Lula da Silva ainda tem força. Mesmo abalado pelos ataques do 8 de janeiro em Brasília, o grupo político do ex-presidente Jair Bolsonaro conseguiu se reagrupar e deverá criar dificuldades para as pautas de interesse do governo.”
A matéria, com um caráter de apoio à oposição do Presidente Lula, saúda a oposição e o grupo político de Bolsonaro, reafirmando a força da oposição como maneira de exercer pressão no governo através da imprensa tradicionalmente direitista, que revela o afeto da burguesia por Bolsonaro.
A imprensa burguesa é caracterizada dessa forma por seguir e endossar fielmente a política e a vontade política da burguesia, e o jornal O Globo é um dos maiores expoentes desse segmento golpista da imprensa. Historicamente, o jornal é marcado por defesas como a defesa da ditadura militar de 1964, dos governos neoliberais de Collor e Fernando Henrique Cardoso e sua política de implacável defesa do PSDB.
“A correria de ministros e senadores da base aliada para garantir votos a Pacheco nos dias que antecederam a votação comprova a força da oposição. No final, eles obtiveram resultado favorável, mas nem na base governista houve consenso. Na formação dos ministérios, Lula fez aliança com MDB, PSD e União Brasil. O voto secreto, garantido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na última eleição em 2019, abriu, porém, espaço a defecções. Senadores do PSD e do União Brasil chegaram a declarar apoio a Marinho.” No trecho, o jornal destaca a fragilidade do governo Lula e a necessidade de Lula em fazer alianças com setores golpistas com vitalidade, e também demonstra um fato importante: não é com esses setores e conchavos políticos que Lula deve contar para se manter no governo, tendo em vista que para começarem as traições, basta que a burguesia e os militares apresentem seu projeto golpista.
A posição política da burguesia com relação à extrema-direita e o fascismo nessa situação é a sua clássica posição: a qualquer sinal de vitória momentânea da democracia operária, avanço dos direitos da classe trabalhadora ou queda na taxa de lucros advinda de uma das crises cíclicas do capitalismo, a burguesia busca resposta no esmagamento dos movimentos operários, resposta que encontra usando como sua ponta de lança o fascismo e a extrema-direita, como no caso da burguesia usando Bolsonaro e o bolsonarismo para levar adiante seus anseios neoliberais e mesmo não querendo que esses setores governem por considerar muito difícil de ser controlado, também não tem a menor intenção de se livrar deles.
Uma das mais disparatadas afirmações vem no parágrafo que diz que o PSDB sempre fez uma oposição tímida ao PT. “O PSDB, que sempre fez oposição tímida aos governos petistas, prometeu uma atuação programática no Parlamento. Na votação de ontem, nenhum dos três senadores tucanos deu seu voto a Pacheco. ” A colocação, típica colocação direitista, coloca o PSDB como um partido que lutou pela democracia e pela centro-esquerda. Ou seja, é preciso que os partidos tenham uma atuação ainda mais direitista que a atuação levada adiante pelo PSDB, o partido responsável por inúmeros duros golpes contra o PT e responsável por encabeçar a destruição do patrimônio nacional com sua privataria e dura repressão por parte do Estado contra movimentos operários, sindicatos e afins, como foi durante os governos de Alckmin no Estado de São Paulo.
A burguesia tradicional e imperialista quer a situação mais empacada possível, nem muito para um lado, nem pro outro. Com isso, eles podem resolver as questões políticas por vias próprias, levando adiante a sua política.
A declaração de Eduardo Leite, o bolsogay, explica bem a crise. O PSDB não pode ser o governo, nem a favor do governo, e nem contra o governo. Tem de ser, então, a favor de alguma coisa. A conclusão é que a situação de Lula no congresso é muito difícil, pois estamos num momento em que a burguesia aplaude o bolsonarismo, que está sendo bem recebido em toda a imprensa burguesa e golpista.
A saída para Lula, como já citado por esse diário, está também entre a mobilização de amplos setores da classe trabalhadora em defesa de seu governo, pois a burguesia e o bolsonarismo já estão se mobilizando para colocar em marcha uma campanha ainda mais intensa de sabotagem contra o PT, sinais vistos pelo comportamento e posicionamento da imprensa burguesa.