No dia 6 de janeiro deste ano o Palmeiras iniciou o cadastro de biometria facial dos seus torcedores, oferecendo gratuitamente 4,3 mil ingressos ao jogo-treino contra o Monte Azul. O que torna esse acontecimento notícia após um mês são as condições obscuras de guarda e utilização dos dados pessoais, somada a pretendida obrigatoriedade de cadastro para todos que desejem acessar o Allianz Parque.
A justificativa
A diretoria do Palmeiras justifica suas ações como um procedimento para combate aos cambistas e entrada facilitada ao torcedor. Entretanto, para combater cambista e facilitar a entrada, não seria necessário guardar por tempo indeterminado os dados pessoais como biometria facial e CPF.
A obrigatoriedade do cadastro fere frontalmente o direito à privacidade e ao controle das informações pessoais. A falta de clareza na guarda e utilização dos dados também se configura uma prática ilegal, um abuso contra os torcedores.
Ditadura nos Estádios
Sob o controle dos capitalistas, o reconhecimento facial para ingresso acabará por tornar-se uma medida de perseguição aos torcedores. É certo que quanto mais pobres, os torcedores mais sofrerão sob as medidas dos capitalistas que se apossaram de seus times.
É um passo a mais no sentido de transformar o futebol, o esporte mais popular, em um negócio apenas com vistas ao lucro dos acionistas. No último período houve uma série de medidas que visavam retirar os trabalhadores dos estádios e maximizar os lucros com o esporte.
Temos que ter claro, essa é uma medida de controle sobre os torcedores. Se fosse o caso de apenas uma medida administrativa, não haveria compulsoriedade da biometria facial? Correndo todos os inconvenientes possíveis da ilegalidade dessa ação.
Palmeiras, um laboratório dos capitalistas
O Palmeiras, assim como outros times brasileiros, vem sendo um laboratório de como implantar o processo, já acabado em outros países, de transformar o times em empresas. Esse processo tem avançado a passos largos com a ex-conselheira e atual presidente Leila Pereira.
Leila é a quinta mulher declaradamente mais rica do Brasil, uma bilionária assim como seu marido José Roberto Lamacchia, também ex-presidente do Palmeiras. Eles, num processo de investimento que parece uma inversão financeira, acabaram por ocasionar uma “dívida” do Palmeiras com seu banco Crefisa de 67,9 milhões.
Ao assumir a presidência, Leila aprofundou esse processo, começou a exaurir a torcida organizada Mancha Verde, cortando suas verbas. Agoram com o controle biométricom conseguirá controlar efetivamente quem pode ou não ver um jogo.
Lucrar de todas as formas possíveis
Um dado interessante dessa história é fornecido pelo diretor de marketing do Palmeiras, Everaldo Coelho. Ele deixou clara a importância dos dados pessoais para a diretoria do Palmeiras e ainda colocou a biometria como a grande coroa do vestuário.
Além de apropriar-se de um aspecto da cultura nacional e transformá-lo em um negócio, é de interesse dos capitalistas lucrar com seus subprodutos. A venda de dados pessoais e hábitos de consumo a patrocinadores e outras empresas que trabalham com comunicação em massa é altamente lucrativa.
O futebol para os torcedores
O clube-empresa, seus similares e todas as suas consequências, devem ser barrados pela mobilização popular. Futebol é um esporte para seus torcedores, uma parte importante da cultura nacional brasileira que não pode ser abandonada e destruída.
As torcidas organizadas não podem ser suprimidas, não podemos deixar que os interesses pelo lucro dos capitalistas destruam a identidade de nosso povo. Os capitalistas não devem controlar ainda mais a vidas dos trabalhadores.