As fontes energéticas mais utilizadas na produção mundial são o petróleo, ocupando 39% das forças produtivas, seguido pelo carvão e gás natural, ocupando respectivamente 28% e 22%. As hidrelétricas são responsáveis por apenas 6% da energia gerada no planeta, segundo a The world’s most used energy sources, NS Energy.
Isso não se dá por um desprezo pela energia hidrelétrica. A matriz é a principal fonte renovável do mundo, sendo capaz de produzir oito vezes mais energia que as usinas solares. As termelétricas, por sua vez, que têm como base o gás, o petróleo e o carvão, dependem de recursos esgotáveis e que são cada vez mais disputados entre as grandes potências mundiais. A escassez de usinas hidrelétricas pelo mundo se deve, portanto, quando não as questões puramente políticas, a deficiências na própria geografia de cada país.
Grandes hidrelétricas não podem ser construídas em qualquer lugar. As usinas precisam de um suprimento consistente de água e uma grande quantidade de terra. Alguns países têm muitos desses recursos, enquanto outros simplesmente não os têm. As usinas hidrelétricas também são mais custosas a curto prazo — cerca de R$1.250,00 por quilowatt — que as termelétricas — cerca de R$600,00 por quilowatt, exigindo maior iniciativa e planejamento dos governos responsáveis (Formação de Preços de Energia Elétrica para o Mercado Brasileiro, Carolina Ferreira Szczerbacki, Dissertação (Engenharia Elétrica). Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2007).
O Brasil ocupa posição de destaque na produção de energia em todo o planeta, ficando atrás apenas da China. O País é responsável por incríveis 8,34% de toda a geração de energia hidrelétrica no mundo, de acordo com levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE).
Um primeiro dado que chama a atenção, de acordo com a tabela, é que, entre os cinco países que lideram a produção energética por hidrelétricas, o Brasil é o único que sucumbiu e apostou na privatização. Nem mesmo os Estados Unidos, onde sequer há um sistema público de saúde integral, a produção e a distribuição de energia elétrica são privatizadas. Entre as dez maiores produtoras de energia hidroelétrica, apenas o Japão e a Turquia não têm uma participação majoritária do Estado.
Entre os países listados, apenas o Brasil, a Noruega e o Canadá têm a energia hidrelétrica como a principal matriz. As hidrelétricas são responsáveis por 63% de toda a geração de energia do Brasil, com ampla vantagem sobre as demais fontes, como o gás natural (9,6%), a energia eólica (8,9%) e a biomassa (8,3%). Ao contrário do Brasil, no entanto, Canadá e Noruega mantêm a produção hidrelétrica sob controle majoritário do Estado.
Fato expõe enorme fragilidade por parte da soberania nacional, tendo em vista que a perda do controle de produção energética por parte do Estado aprofunda a crise no sentido da dominação imperialista sobre o país.
Lula precisa reverter a situação da privatização da Eletrobrás, pois a privatização da Eletrobrás implica na privatização de toda a infraestrutura de geração energética do país, medida que pode colocar o país de joelhos perante o imperialismo. Para que a privatização seja revertida, é preciso organizar um amplo congresso de massas para discutir a questão e mobilizar a maioria da classe trabalhadora que votou em Lula através de comitês de lutas e plenárias em todas as instâncias da vida social.