A Petrobrás, agora novamente sob um governo eleito pelos trabalhadores, teve a posse de seu presidente indicado por Lula, o senador petista Jean Paul Prates. A expectativa não se traduziu no fato, e o discurso de posse não correspondeu em nada ao momento político.
O governo Lula está acossado por uma campanha de desestabilização, a burguesia atua de forma a paralisar o governo, impedi-lo de avançar em qualquer pauta, e o que Lula tem para seguir é seu apoio na classe operária. A Petrobrás, tanto entre os trabalhadores como no Brasil em geral desempenha um papel fundamental, que deveria ser resgatado, mas o discurso do novo presidente da empresa apenas mencionou a coisa de maneira mais genérica.
Apesar de colocar que a Petrobrás deve ser uma locomotiva do desenvolvimento nacional, que o pré-sal é uma peça chave que tem que ser explorada, aumentar o trabalho com petróleo e gás e investir no refino, a coisa não está acompanhada até o momento de nada concreto, o governo perde tempo em meio a uma situação política muito grave. A Petrobrás deve ser recuperada da destruição do Golpe de 2016 que durou seis anos e só agora foi parcialmente revertido. É preciso colocar como central a reestatização de todos os ativos privatizados, como as refinarias entregues no fim do ano passado, acabar com a política de paridade internacional de preços, que disparou o preço dos combustíveis para o povo e a inflação dos produtos de primeira necessidade, em troca de um aumento absurdo no lucro dos acionistas internacionais, acabar com a terceirização na empresa, contratar os funcionários afastados pela sabotagem orquestrada pelo Golpe, retomar a construção das refinarias que estão paralisadas.
O próprio anúncio do novo presidente da Petrobrás, assim como sua posse, não vieram acompanhados de nenhum anúncio prático, concreto, de ação a ser tomada pela empresa. Isso se dá enquanto a ameaça golpista das forças armadas se denunciou no 8 de janeiro. O governo precisa de maneira urgente se colocar ao lado dos trabalhadores de maneira decidida, ou corre o risco de se desmoralizar frente aqueles que são os únicos que lhe garantem sustentação.
A nomeação de Jean Paul Prates em si não foi boa nesse sentido, despertando desconfiança, visto que Prates tem um passado de alinhamento ao governo Fernando Henrique Cardoso, quando defendeu a privatização da Petrobrás, além de ao longo dos anos ter se colocado contra a política de investimento na indústria nacional e a visão do papel estratégico da Petrobrás para o Brasil, como denunciado pela Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET). A falta de anúncios concretos reforça essa desconfiança, o que custa ao governo um apoio declarado que poderia conquistar imediatamente da categoria petroleira e de todos os defensores da Petrobrás.