Previous slide
Next slide

Henrique Áreas de Araujo

Militante do PCO, é membro do Comitê Central do partido. É coordenador do GARI (Grupo por Uma Arte Revolucionária e Independente) e vocalista da banda Revolução Permanente. Formado em Política pela Unicamp, participou do movimento estudantil. É trabalhador demitido político dos Correios e foi diretor da Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios)

Fantasia "racista" da Portela

Acabar com a praga identitária antes que ela acabe com o carnaval

A verdadeira racista não é a fantasia, mas a ideologia imperialista que se infiltra na cultura popular

O carnaval é de todo o povo brasileiro. E se é assim, ele é da maioria do povo, ou seja, dos negros, dos mestiços, dos brancos pobres.

Não é de hoje que a presença das classes médias nas escolas de samba e no carnaval, em geral, é criticada. A crítica nem sempre é justa: o samba e a cultura popular brasileira só pode ser entendida como uma síntese do morro com o asfalto, do rural com o urbano, do negro com o branco e, por que não, dos trabalhadores com setores da classe média.

É assim e sempre será assim.

Apesar disso, não devemos fechar os olhos para a realidade. Se a classe média, em alguns casos, contribuiu para o desenvolvimento do samba e do carnaval, em outros serviu como verdadeira chaga.

De todos os venenos de classe média, o identitarismo certamente é um dos mais nocivos. Essa ideologia, que invade o samba tendo como via de transmissão a pequena-burguesia pseudo-intelectual, tem seu nascedouro nos países imperialistas.

A revista Veja deu a seguinte notícia no dia 16 de janeiro: “A fantasia racista da Portela, que gerou a primeira polêmica do carnaval”. Para os mais desatentos ou desmemoriados, trata-se de uma revista de direita, pró-imperialista e que teve a participação mais abjeta no golpe de Estado. Em suma, a Veja é uma imprensa anti-povo, ferrenha defensora do que é mais nocivo ao povo e aos trabalhadores.

Por que, então, essa revista estaria tão preocupada com o “racismo”? Notem que o tom da manchete da revista é “fantasia racista” e não, o que seria mais normal para uma imprensa, “fantasia considerada racista”.

É assim porque quem considera racista a fantasia da Portela é a burguesia, não é o povo da Portela, não são os sambistas, as passistas, os foliões. Nada disso! É a burguesia mais inimiga do povo – portanto racista – que afirma categoricamente: “A fantasia racista da Portela”.

Comemorando 100 anos neste carnaval, uma das mais tradicionais escolas de samba do Brasil deveria ter simplesmente ignorado a opinião da burguesia.

Claro que, como dissemos acima, essa opinião se infiltra pela classe média que deve ter aprontado uma verdadeira histeria nas redes sociais contra o “racismo” da fantasia. Mas o melhor remédio para essa histeria é ignorar.

É um espetáculo grotesco vermos uma escola de samba centenária, criada e sustentada por tantos negros, mestiços e brancos pobres, ser acusada de racista por uma corja de patricinhas que só estão repetindo a opinião da revista Veja e coisa muito pior.

Para piorar, a fantasia em questão era uma alusão ao personagem Macunaíma, de Mário de Andrade. Não basta atacar a Portela, atacam também a literatura nacional.

Para quem já se acostumou com a histeria identitária nem precisaria dizer que a fantasia não tem absolutamente nada de racista. O suposto racismo seria porque um boneco do Macunaíma foi representado preto demais, talvez. Com as mãos e os lábios brancos. Sabe-se lá. Não há lógica no mundo identitário.

A Portela acabou cedendo à histeria e modificou sua fantasia. Mau sinal. Esperamos que o identitarismo, essa praga ideológica, desapareça o mais rápido possível, antes que ela acabe com o carnaval.

O que tem de racismo nessa fantasia? Nada

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Rolar para cima

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.