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Universidade de Férias

46° Acampamento de Férias encerra aulas com “decolonialismo”

Acompanhe como foi a 5ª aula do curso "Uma crítica marxista ao identitarismo", que ocorreu no Acampamento da AJR

Neste último sábado (21), o companheiro Rui ministrou a quarta aula da Universidade Marxista, com o tema “Uma crítica marxista do identitarismo”, que ocorre como parte do 46º acampamento da Aliança da Juventude Revolucionária (AJR) e do Partido da Causa Operária (PCO). O curso está sendo ministrado pelo companheiro Rui Costa Pimenta e tem procurado demonstrar como são as concepções marxistas a respeito dos temas que são utilizados pelos identitários para fazer demagogia e enganar a população.

Nessa última aula, o companheiro Rui tratou da questão da diversidade sexual, particularmente sobre o problema dos LGBT, que é uma das demagogias mais presentes no vocabulário identitário.

Através da discussão presente na aula, foi possível ver que a política defendida pelos identitários para a questão da diversidade sexual não possui nenhum fundamento na realidade. A principal diferença dessa questão com relação à das mulheres e à dos negros, é que os LGBT são uma minoria ínfima da população mundial, menos de 1% no total.

É um problema porque o movimento procura se apresentar como dominante, mas ele é ultra-minoritário. Isso apresenta um problema para a política identitária, cuja principal forma de atuar é estigmatizar um inimigo a ser combatido. Como fazer isso se o seu inimigo teria que ser o conjunto da população mundial?

Para solucionar essa questão, surge a chamada “ideologia de gênero”. O termo desagrada os identitários, por ser utilizado pela direita, mas ele é adequado. Essa ideologia apresenta algumas das ideias mais extravagantes dos identitários.

A ideia central seria que não existe um sexo biológico, o importante é o que eles chamam de “gênero”. Esse conceito nunca é explicado de uma forma científica. Ele seria algo em que as pessoas acreditam em seu íntimo, quase como algo espiritual.

Por esse caráter anti-científico, o movimento rejeita todas as pesquisas feitas na área da psicologia sobre esse tema. As pesquisas indicam que o “normal” e majoritário é que sua atração sexual seja definida por sua biologia. Ou seja, que o homem se atraia pela mulher e vice-versa.

Isso se desenvolveu ainda mais entre os identitários, de modo que as classificações de homossexual e heterossexual não bastavam mais. A questão dos transexuais também aparece nesse movimento. O oposto de trans seria o cis. E as pessoas só seriam cis porque existiria uma “cis-normatividade” na sociedade, que “obrigaria” a pessoa a seguir seu sexo biológico. Nesse sentido, o cis seria um conservador e o trans um revolucionário. Algo totalmente absurdo.

O curso levanta o fato de que algumas questões ficam sem ser respondidas pelo movimento LGBT identitário. Primeiramente, por que os pedófilos, zoófilos e outros, que também possui comportamento sexual diverso do normal, não são inclusos nesse movimento?

Outra questão: por que seria o “normal” uma espécie ter comportamentos sexuais que se diferem do que leva à reprodução?

A teoria absurda do “decolonialismo”

Na mesma aula, o companheiro Rui tratou da teoria chamada de “decolonialismo”. Esse termo, um anglicismo aberrante, já demonstra a mentalidade colonial de seus defensores. A teoria foi elaborada por um peruano, chamado Aníbal Quijano, que procura supostamente lutar pela decolonização dos países latino-americanos, mas possui ideias todas saídas das universidades europeias e norte-americanas.

Um dos conceitos principais da teoria de Quijano é a “colonialidade do poder”. Segundo essa teoria, os países da América Latina, por exemplo, se tornaram independentes de seus colonizadores, mas não superaram a situação de colônia – uma ideia paradoxal. Como se o processo de independência não tivesse tido importância nenhuma.

Quijano considera que o fator que define o quão democrático é um país é a relação entre as raças da sua população. Se um país possui diversas raças em conflito em seu território, ele não é verdadeiramente independente e democrático. Ele afirma que os Estados Unidos seriam portanto democráticos pelo fato de haver uma minoria de negros lá, o que é totalmente absurdo, tendo em vista a quantidade gigantesca de conflitos raciais que se vê nos EUA.

Só pelo fato de ele colocar as coisas em termos de democrático e não-democrático já mostra que é uma teoria pequeno-burguesa e que não tem nada de marxista. O companheiro Rui, durante a aula, entra em detalhes nas considerações de Quijano a respeito dos diferentes países e por que eles seriam democráticos ou não.

Sobre o Brasil, a consideração dele é totalmente fora da realidade: Quijano afirma que, na época da independência, os negros eram escravos e a maioria dos índios eram “estrangeiros” por estarem na Amazônia. A afirmação denuncia seu total desconhecimento sobre o Brasil.

À época, já havia negros livres e miscigenados no país. Os índios estavam em todo o território nacional, e não só na Amazônia. E mesmo os que estavam na Amazônia não eram estrangeiros de forma alguma. Alguns dos estados mais importantes do país naquela época eram os que estavam em território amazônico, como o Pará.

A teoria da colonialidade de Quijano ainda se expande para outros campos: colonialidade da cultura, colonialidade sexual, etc. Com esse conceito mal explicado, ele procura sintetizar tudo e explicar que o principal problema seria o “eurocentrismo”.

O fato de uma teoria como essa ter se espalhado em diversos países da forma como foi é uma demonstração da decadência intelectual das universidade no mundo todo. A contradição principal dela é justamente que o conceito de “decolonial” é algo diretamente importado da Europa e dos EUA.

Para compreender melhor a polêmica e os detalhes da discussão, basta acompanhar a quarta aula do curso da Universidade de Férias, pela plataforma unimarxista.org.br. O debate sobre temas tão polêmicos é fundamental para mostrar as posições absurdas da esquerda pequeno-burguesa e fazer avançar a luta política contra o identitarismo.

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