O dia 8 de janeiro tornou-se a data chave para uma política de intenso boicote contra o governo Lula. A política iniciada pela alta cúpula das Forças Armadas agora se expande para outros setores que atuam de maneira contrária ao presidente eleito.
O mais recente exemplo deste problema foi a ação da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), uma organização controlada pela burguesia que atua de conjunto dos municípios e que decidiu definir, por conta própria que as prefeituras deveriam ignorar o aumento do piso salarial dos professores, concedido pelo governo federal.
Segundo a CNM “O impacto torna ingovernável. Estamos orientando os municípios a não concederem, por mais que entendamos como importante. Esse montante inviabiliza a educação no Brasil. Aí, nós vamos ver o MEC apresentando grandes projetos para salvar a educação no Brasil, enquanto tira esse valor dos municípios”.
O Ministério da Educação (MEC), anuncio nesta segunda-feira um aumento que aproxima-se de 15% do salário mínimo pago para os professores de toda educação básica brasileira. O piso – que sairá de R$ 3.845,63 para R$ 4.420,55 – foi definido pelo governo Lula, como uma medida que melhorar as condições dos professores em todo território nacional.
No entanto, a organização da burguesia tenta tornar os municípios brasileiros algo não subordinado à federação, ou seja, que caso o governo Lula decida garantir benefícios aos trabalhadores, os municípios controlados pela burguesia poderiam sabotar a iniciativa.
A iniciativa é algo que por si só é totalmente irregular. Como uma federação centralizada, todos os municípios devem ser subordinados ao governo nacional. Lula foi eleito pelos trabalhadores de todo o País, no entanto, nos municípios reina o controle do latifúndio, dos “currais eleitorais”, do controle da burguesia local e golpista. E é justamente este setor que levantou a cabeça em meio a política de sabotagem deflagrada pelas Forças Armadas, sendo um dos principais setores da mobilização da burguesia contra o governo Lula.
Além disso, a decisão revela o caráter profundamente contra os interesses dos trabalhadores. Dominam nestas organizações o controle da direita “civilizada”, da terceira-via, que supostamente defende a democracia.
No entanto, esta direita civilizada é que serve como um dos principais apoios da política de sabotagem contra o governo Lula. A direita está se sentindo confortável com a situação, o governo saiu da crise enfraquecido, é agora a hora de reagir.
Para isso é necessário mobilizar os trabalhadores, ir para além da militância e garantir a sustentação do governo eleito e dos interesses da classe operária nas ruas.