No curso “Uma crítica marxista do identitarismo, woke, decolonialismo e cancelamento”, o Partido da Causa Operária analisa um dos problemas centrais experienciados pela juventude. A “cultura do cancelamento”, as amarras “identitárias” do pensamento, as ideias difundidas em toda parte, das universidades à imprensa, são responsáveis por uma enorme confusão.
Já na primeira aula do curso, o companheiro Rui Costa Pimenta tratou de explicar de que estamos tratando quando falamos em identitarismo. E nossa imprensa tem falado muito sobre isso! Os aspectos políticos e ideológicos serão aprofundados nas próximas aulas. Destaco aqui apenas dois: é uma ideologia que quer fazer a roda da história girar para trás e uma política que interessa – e muito – ao imperialismo mundial.
É um fenômeno político e ideológico que vem ganhando força nos últimos anos. Lembro-me que já 10 anos atrás já existia a tentativa de mudar o vocabulário político da esquerda para evitar “palavras racistas”, “conceitos e ideias ofensivas às minorias”. Recuando no tempo outra década, os mesmos trejeitos já apareciam no meio da esquerda, embora de maneira mais sutil, menos decidida no intento de transformar determinadas concepções morais em lei, em fazer com que o Estado imponha uma determinada noção de moral. Podemos recuar mais e encontraremos nos primeiros teóricos “pós-modernos”, “pós-marxistas”, “estruturalistas” da metade do século XX, boa parte do caldo de cultura que nutriu as tendências hoje predominantes no meio da esquerda pequeno-burguesa.
Por que é importante estudar isso hoje? Porque as implicações práticas de uma ideologia reacionária estão aproximando a esquerda de uma direita ultrarreacionária. Estão fazendo com que a esquerda ultrapasse, em certos casos, o reacionarismo de setores da direita.
Vejamos um exemplo de “diálogo” identitário.
– A universidade de férias do PCO visa esclarecer o conteúdo político e ideológico do identitarismo de um ponto de vista marxista.
– Que ousadia! “esclarecer”… quer dizer que o “claro” é melhor que o “escuro”? Isso é racismo! Cadeia pra vocês!
– …
Outro exemplo, desta vez de profundo pensamento político identitário:
– Vamos proibir as pessoas de falarem “a coisa vai ficar preta”. Vamos proibir qualquer menção ao negro como coisa negativa. Aliás, negativo já é uma palavra racista, onde já se viu falar de “nego” com conotação “negativa”. Ops.
Assim, pouco a pouco as liberdades democráticas vão se esvaindo, o vocabulário e o diálogo se empobrecendo. Se com essa ideologia reacionária a roda girar para trás o suficiente, em breve estaríamos apenas grunhindo uns para os outros de dentro de nossas celas dada a quantidade de vocábulos proibidos.